A dieta dos 300

A dieta dos 300

Desde a Grécia antiga, a alimentação da região é conhecida por seus benefícios à saúde e longevidade. Antes da chegada de ingredientes vindos no Novo Mundo, o segredo era a ênfase em sabores intensos, como os do alho e da cebola, receitados por Galeno de Pérgamo e Hipócrates.

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Um estudo, publicado na revista científica Journal of Ethnopharmacology, revela que a chamada Dieta Mediterrânea já era eficiente antes das grandes navegações, que trouxeram para a Europa ingredientes até então desconhecidos, como cítricos e tomates.

Para contar com o poder dos nutrientes e seu efeito sobre a saúde, os médicos e filósofos gregos apostavam em receitar o consumo de alimentos de sabor forte.

Centenas de anos antes de Cristo, e também no primeiro século da era moderna, os anciãos e pensadores enxergavam a alimentação como chave para equilibrar a saúde do corpo humano. Inclusive, datam desta época os primeiros livros de receitas.

Médicos ancestrais, como Galeno de Pérgamo (129 a 199 d.C.), enfatizavam métodos culinários com o emprego de ingredientes simples para enriquecer o sabor das refeições. Pimenta, gengibre e canela estavam entre seus temperos recomendados. A prática segue na região até hoje.

Galeno receitava a seus pacientes pratos cheios de cebola e alho para ajustar os “humores” do corpo. A “teoria humoral” buscava equilibrar os quatro fluidos que, acreditava-se, influenciavam no quadro geral de saúde das pessoas (sangue, linfa, bílis negra e bílis amarela).

Galeno de Pérgamo

Imagem do médico grego Galeno de Pérgamo

Para Galeno, se a pessoa estivesse com os humores sem fluidez, a linfa em particular, precisaria comer mais cebola e alho. Este raciocínio antecipou a necessidade de controlar o colesterol, por exemplo. O médico também tinha restrições ao consumo de leite e pães, devido à lactose a ao glúten, mesmo sem saber da existência destas substâncias.

A nutrição era considerada a terceira arte médica, junto com a farmacologia e a cirurgia. Entre os filósofos, Platão (428 a 348 a.C.) escreveu sobre a importância dos alimentos na saúde. E Hipócrates (460 a 370 a.C.) cunhou a famosa frase “Deixe sua comida ser seu remédio e seu remédio ser sua comida”.

Segundo o professor John Wilkins, especialista em cultura e história grega da Universidade de Exeter (Inglaterra), é graças a estes pioneiros que a Dieta Mediterrânea, com poucos aperfeiçoamentos, é hoje considerada a mais saudável de todas.

E isso sem contar com ingredientes que vieram somar depois, da Ásia e das Américas, como limões, laranjas e tomates.

Diante de revelações como esta, vemos ser reforçada a qualidade deste cardápio histórico.

Na região, a caça sempre foi rara. Por isso, desde a Antiguidade, o consumo de carne na região é reduzido. Sem a onipresença da comida processada, fazem parte da dieta local, nos tempos modernos, cereais, frutas e vegetais cultivados ou colhidos na floresta (pancs), frutos do mar, especiarias e azeite.

Foi esta a alimentação dos pensadores, e também dos guerreiros, como aqueles retratados no filme 300, que contou como poucos homens, organizados, dispostos e, acima de tudo, saudáveis, conseguiram conter milhares de soldados persas, na conhecida Batalha das Termópilas.

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