A reinvenção do pão

Às voltas com a polêmica do glúten, o trigo já foi mais importante. Ao longo do tempo, a indústria alterou seu sabor e perfil nutricional. Um laboratório trabalha para resgatar seu valor. E para nos reapresentar a um pão que é muito melhor do que conhecemos. 

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Não há nada mais simples e tradicional que um pão francês, certo?

Diante de familiaridade com esta receita, um dos primeiros itens inscritos no cardápio da memória, não queremos surpresa.

Pois o pãozinho que você adora comer desde criança não é mais o mesmo.

Nem quando você era criança.

Houve um tempo em que pães de tamanho uniforme e na mesma cor, feitos de farinha branca refinada, aditivos, conservantes e sal em excesso, não existiam.

Os pães eram pesados, ricos e nutritivos.

Os processos industriais levados à agricultura globalizada uniformizaram não só o produto, mas o trigo com que é feito.

E, consequentemente, o paladar.

Um laboratório montado dentro de uma padaria, na Washington State University (Estados Unidos), trabalha para reinventar o gosto perdido.

A ideia é, através do cultivo de grãos considerados extintos, produzir pães e massas com sabores diferentes.

Imagine sair da simples dúvida entre farinha refinada e integral para ascender a outro nível, em que nos veremos diante de opções trigos de cepas diferentes?

Já vimos como nos prejudica abrir mão do sabor e nutrição de milhares de espécies, só porque a indústria alimentícia favorece o cultivo de pouca diversidade – leia sobre o “sommelier de tomates” aqui.

Oferecer uma alternativa à uniformidade é a missão do Bread Lab (“Laboratório do pão”), onde cientistas, agricultores, chefs e panificadores dividem a bancada para reinventar o pão nosso de cada dia.

Como atesta em seu website, “nosso objetivo é combinar ciência, arte, curiosidade e inovação para explorar maneiras de utilizar grãos únicos e de produção local para levar a panificação a outro patamar”.

Assim, química, biologia e botânica são utilizados para produzir sementes orgânicas, manipulando pólen de uma espécie de trigo para o estigma de outra (por exemplo, uma variedade espanhola chamada Aragon 03).

Com estes grãos, são feitos pães 100% integrais, que utilizam apenas quatro ingredientes: farinha, água, sal e levedura selvagem.

Vamos torcer para que o resultado deste trabalho não demore a chegar às nossas prateleiras, prazo que o Dr. Stephen Jones, diretor do Bread Lab, estima em até cinco anos.

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