Sabe de nada, inocente

Para a maioria, só existem dois tipos de maçãs, a vermelha e a verde. Pode até ser que, da primeira cor, conheçamos algumas espécies. Mas abrimos mão de uma centena de outras. A maçã do pecado pode ter sido bem outra.

Hoje só encontramos no mercado frutas que crescem rápido e sejam iguais umas às outras. De olho no lucro, espécies diferentes, que frutificam uma vez ao ano ou tenham uma casca irregular, por exemplo, perderam espaço no campo e desapareceram.

Ou seja, com a homogeneização do que comemos, perdemos valiosos nutrientes por falta de diversidade.

Para resgatar o paladar perdido, surgem nos Estados Unidos grupos que cultivam e promovem degustações de frutas raras. Clubes como o California Rare Fruit Growers, que organiza provas de maçãs com entre 70 e 80 tipos diferentes.

Para divulgar a tendência, um dos entusiastas deste gênero da gastronomia, Rowan Jacobsen, lançou o livro Apples of Uncommon Character: 123 Heirlooms, Modern Classics, and Little-Known Wonders. Feita em parceria com a fotógrafa Clare Barboza, a obra mostra 123 espécies diferentes de maçãs, dentre as mais exóticas e difíceis de conseguir.

Segundo o autor, a América do Norte está vivendo uma Renascença da Maçã. A primeira “época de ouro” do fruto veio com a conquista do oeste (anos 1700), quando experimentações e enxertos criaram cerca de 7.500 espécies do fruto.

Parece incrível que a volta de inúmeras, saborosas e nutritivas espécies seja conduzida pelo mesmo espírito mercantilista que as exilou, mas é exatamente isso que está acontecendo. A tendência é que as frutas raras reapareçam para satisfazer nichos de consumidores.

Torço para que possamos aproveitar logo este arco-íris de cores, texturas e sabores naturais, para diversificar ainda mais nossas opções saudáveis.