A multiplicação do tempo

Não permita que a busca pela produtividade lhe tire a graça de viver. Leia meu artigo publicado na revista Veja.

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Qual o segredo das pessoas mais produtivas?

O senso comum diz que elas são muito organizadas, comprometidas com as próprias metas, ambiciosas na profissão, agitadas no temperamento.

Não quero colocar em dúvida tais premissas, mas, recentemente, observando o comportamento de gente com esse perfil, cheguei à conclusão de que as pessoas são tão mais produtivas quanto conseguem se divertir multiplicando o escasso tempo disponível.

Não há uma receita de bolo a ser seguida.

Cada pessoa produtiva é produtiva à sua própria maneira.

Mas percebo um traço em comum nos homens e nas mulheres produtivos, sejam eles e elas, empresários, executivos, profissionais liberais, artistas ou políticos.

Trata-se da capacidade de aproveitar cada momento como se não houvesse amanhã, mas sem ansiedade.

Se você deixar passar aqueles cinco ou dez minutos entre um compromisso e outro, ao fim do dia terá perdido talvez uma hora.

Não é pouca coisa – é como se o seu mês tivesse um dia a menos.

Cinco minutos, ao contrário do que possa parecer, não é um tempo desprezível.

É o suficiente para dar uma caminhada pelo quarteirão ou para fazer umas boas flexões abdominais ou até para dar uma relaxada consciente.

Atividades físicas, como se sabe, oxigenam o cérebro e dão mais disposição para o trabalho, o que consequentemente melhora a produtividade, liberando mais tempo para mais exercício.

É um verdadeiro círculo virtuoso.

Quem quiser dar um passo além na arte de aproveitar melhor o dia pode tentar fazer duas coisas ao mesmo tempo.

Nessa tarefa, o celular é nosso aliado.

Antigamente, fazer uma ligação exigia dedicação exclusiva ao lado do aparelho fixo.

Hoje, podemos falar ao celular ao mesmo tempo em que preparamos uma salada, resolvemos uma questão do trabalho ou fazemos na esteira da academia.

Uma coisa não prejudica a outra, , nem sobrecarrega o cérebro.

Ao contrário, há uma complementação que deriva de uma visão holística da vida, em que o todo se sobrepõe à parte.

Antigamente se dizia que o dia tinha 24 horas.

Hoje não mais, porque a sobreposição de tarefas simples multiplica o tempo.

Não desperdiçar o nosso recurso mais caro – o tempo – pressupõe um viver lastreado em boa dose de intensidade.

Quem se joga de cabeça numa iniciativa qualquer está aproveitando mais a vida.

Sim, seja obsessivo!

O conhecimento e a satisfação pessoal frequentemente vêm de mergulhos verticais, e não de rodeios horizontais.

Detalhes são importantes.

Domine a área a que se dedicar, e você estará no caminho de se tornar uma pessoa mais produtiva.

E não espere a inspiração chegar.

Ela vem mais como recompensa pelo trabalho feito do que antecipadamente, como prêmio imerecido.

O mais importante é não permitir que a busca pela produtividade lhe tire a graça de viver.

Ao contrário, o bom humor é essencial para levar a vida com a leveza que ela pede.

Saber rir de si mesmo, como os ingleses, é meio caminho andado.

Quando tudo estiver tediosamente sério, descubra o palhaço adormecido dentro de você.

Faça isso, e a sua produtividade aumentará, mesmo que você não perceba.

A vida é um jogo.

Às vezes os dados não ajudam e temos voltar algumas casas, mas temos que continuar tentando nos divertir.

Não se trata de rir por último, mas apenas de rir melhor.

Publicado originalmente na revista Veja.

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