Paixão por refrigerante

Sei o quanto é difícil para alguém que adora doces emagrecer sem eles e trago dicas para ajudar. Leia meu artigo publicado na revista Veja.

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Recentemente, minha filha Manoella comprou para meu neto Bruno um refrigerante que trazia uma figurinha da Copa atrás do rótulo. Ao tentar destacar o brinde com uma faca afiadíssima, perfurou a garrafa pressurizada de dois litros por engano e acabou levando um banho do refresco gaseificado!

Felizmente, era a versão sem açúcar, caso contrário teria ficado toda melada. Mesmo assim, deve ter disparado alguns impropérios para bebida e caído no riso logo em seguida.

O episódio familiar me fez pensar na relação de amor e ódio que algumas pessoas tem com o refrigerante. De uns tempos para cá, a bebida virou politicamente incorreta no mundo da nutrição. Ainda mais quando adoçada artificialmente, com ciclamato e sacarina no lugar do açúcar (que diga-se de passagem, tem custo de produção bem menor).

Mas muita gente adora Guaraná, Pepsi, Fanta, Sukita, Soda Limonada, Sprite, Tubaína e outros néctares do gênero. Para mim, confesso ser um tanto constrangedor sentar numa mesa onde todos estão bebendo vinho, ainda mais na casa de amigos que tomam daqueles rótulos super especiais, e sentir vontade de pedir uma Coca diet.

Festa de criança poderia ser mais fácil, mas geralmente nessas ocasiões só encontro refrigerante normal. Mas com um pouco de sorte acabo conseguindo uma versão sem açúcar esquecida na dispensa do buffet. Recentemente, lendo a Veja, descobri que nunca fui a única pessoa adulta do mundo que prefere um prosaico refrigerante aos refinados vinhos.

O estilista Carl Lagerfeld, que inclusive assinou um lote especial do prestigioso champagne Don Perignon, safra 1988, e vinhos do chateau Rauzan-Ségla 2009 (pertencente à Maison Chanel), sempre preferiu coca diet (para ele, um vício) a essas bebidas. Por ter sido obeso por muito tempo antes de falecer aos 85 anos, parecia ter formado juízo de que ser elegante seria abrir mão de tudo que desacelerasse o metabolismo – ou seja, nada alcoólico. Outra hipótese seria que ele simplesmente tinha um paladar infantil para bebidas. E que mal haveria nisso?

Apesar de nutricionalmente condenáveis nos dias de hoje, devo dizer que os refrigerantes tiveram um papel muito importante na minha dieta, e também na vida de inúmeras pessoas que enfrentaram uma tortuosa batalha contra a balança. Sei por experiência própria o quanto é difícil para alguém que adora doce, e precisa emagrecer 40, 50, 60 quilos, conseguir atingir sua meta trocando refrigerante açucarado por suco de fruta integral de laranja ou de uva, por exemplo.

Eu mesma, quando estou num restaurante com amigas e alguém fala em tomar um suco calórico, acabo não me contendo. Sempre pergunto porque não optar por um refresco sem açúcar, lembrando que o mesmo não tem caloria alguma.

Confesso que sou fiel as minhas amizades. E devo muito do meu emagrecimento aos refrigerantes de cola e limão edulcorados. No auge do meu desafio com o peso, costumava usá-los até em receitas de bolos, e de molhos para salada. Não a toa, continuarei tendo por eles um carinho muito especial.

Amigo assim é para se guardar.

Publicado originalmente na revista Veja.