A redenção da sacarina
Categoria: Pense
A história do que comemos parece folhetim da televisão aberta. De uma hora para outra, personagens impopulares apresentam reviravoltas e passam a ser bem-vindos à mesa. Desta vez, a redenção é a da sacarina.
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Os hábitos alimentares mudam conforme os costumes – e o desenvolvimento da ciência.
De tempos em tempos, novos estudos têm o poder de redimir alimentos e substâncias alimentícias.
Presente no mercado há 135 anos, muita coisa já mudou sobre o conhecimento científico que temos da sacarina.
No início da década de 1970, produtos com este edulcorante (substituto do açúcar) traziam a advertência de que poderiam constituir risco para a saúde.
Apenas nos anos 2000, após diversos estudos considerarem não existir qualquer “evidência conclusiva” de que a sacarina causasse danos aos seres humanos, foi ordenada a sua remoção da lista de substâncias cancerígenas do programa Nacional de Toxicologia dos Estados Unidos.
Após tantos estudos, o que os cientistas descobriram foi uma nova possível utilidade da substância, que não apenas adoçar o café.
Segundo pesquisa da Universidade da Flórida, a sacarina pode ser, na verdade, uma aliada na luta contra várias formas de tumores.
Este surpreendente papel benéfico deve-se à facilidade com que a substância se liga à anidrase carbônica IX (AC IX), uma proteína do corpo que desempenha papel importante em diferentes processos biológicos.
Mas que também está associada a várias formas de tumores agressivos, como da mama, pulmões, fígado e cérebro.
Os pesquisadores estão agora examinando o ação da sacarina sobre a AC IX, utilizando cristalografia por raios X, para determinar a melhor forma de ativar todo o potencial anticâncer da substância.
A partir daí, poderemos ter no futuro uma nova classe de drogas ponderosas, feitas a partir de uma substância que esteve todo o tempo presente, mas carregada de muita desconfiança.
Como uma novela, a sacarina termina a história com um final feliz. Pelo menos, por enquanto.
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