Paixão por conhecer

A felicidade duradoura está no aprendizado. Leia minha última coluna publicada na revista Veja.

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Adoro garimpar receitas novas, diferentes de tudo o que testei antes, com ingredientes incomuns e misturas surpreendentes.

Está aí algo que me deixa realmente feliz.

Também amo descobrir dicas e truques capazes de tornar nossa vida mais saudável.

A felicidade não vem só da garimpagem de conceitos e ideias, mas também da minha percepção de que faço isso muito bem.

Não vou aqui bancar a falsa modesta, não é do meu feitio.

Acredito que haja um tanto de engenho e arte na busca por dicas que ampliem nosso repertório.

No caso de uma receita, por exemplo, é preciso prestar plena atenção ao que se tem à mesa diante de si, entender a proposta da receita, considerar o contexto ambiental em que o prato foi concebido, estimar seu valor nutritivo, estudar opções equivalentes para o caso de um ou outro ingrediente não ser amplamente disponível.

Feita a extensa lição de casa, aí sim posso endossar e compartilhar o que descobri nas minhas pesquisas.

É esse processo de aprendizado que me deixa feliz.

Aquilo que a gente aprende é nosso.

Porque ninguém pode nos tirar o que na essência nos pertence.

É uma sensação que gera mais do que conforto emocional.

Ao aumentar nossa autoestima, o aprendizado provoca um estado que podemos chamar de felicidade duradoura, em oposição aos tais “momentos felizes” que a sabedoria popular define como felicidade.

É um sentimento que se instala em nosso coração e fica lá, latente, sempre nos lembrando que podemos nos orgulhar de ter aprendido algo.

São muitos os caminhos que nos levam a ter uma vida melhor, com mais qualidade.

Cultivar hobbies interessantes, desfrutar do reconhecimento dos nossos pares, construir uma carreira bem-sucedida, manter o corpo e a mente saudáveis, receber o afeto de pessoas queridas, tudo isso é bom demais.

Mas são conquistas que derivam de realizações cujos resultados não controlamos.

Tornam nossa existência mais rica, sim, mas não necessariamente nos fazem mais ou menos felizes.

A felicidade, em sua expressão mais intensa, vem do aprendizado, ao deixar sua marca distinta estampada já na própria evolução do descobrimento.

Somos felizes enquanto aprendemos, pois a estrada a ser percorrida é com frequência mais importante que o destino.

E continuamos felizes depois de assimilado o novo conhecimento, porque ele será nosso para sempre.

Gosto de pensar em aprendizados – no plural, não no singular.

O leque deve ser amplo.

Podemos aprender o que quer que desperte nosso interesse.

O objeto do estudo independe de nossa atividade profissional.

Você pode querer aprender as técnicas de determinado esporte, por exemplo, só pelo prazer de praticá-lo da melhor maneira.

Ou pode aprender a cantar ou a tocar um instrumento ou a dançar, mesmo que não pretenda se apresentar em público.

Somos felizes quando temos consciência de que somos ou nos tornamos bons em alguma área.

A felicidade passa pelo amor próprio que se nutre dessa satisfação pessoal.

É muito gostoso poder sair com amigos para jantar em algum bom restaurante, claro.

Mas convidar essas pessoas a experimentar uma receita que você aprendeu, isso não é só gostoso.

Isso é felicidade.

Publicado originalmente na revista Veja.

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