O mundo fechou

É hora de aproveitar a quarentena para repensarmos nosso papel no planeta, de modo que esse tempo não tenha sido em vão. Leia meu artigo, que foi publicado originalmente na revista Veja.

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Há cinco meses ouvi um sonho de alguém muito querido.

Nele, um homem seguia por uma trilha, pregando ao vento “O mundo fechou”.

O sonhador acorda com uma imensa angustia no peito, que viria a ser recorrente nos tempos atuais.

Hoje, ele se revira imaginando o que fazer para legar aos seus netos um planeta melhor.

Relatos , com imensa carga simbólica e motivacional, têm vindo à tona em diversas conversas.

O volume de doações para a causa da Covid-19 passou de R$ 1 bilhão no dia 8 de abril.

A cada dia que passa, percebo nessas lideranças uma compreensão que fazer o bem, mais do que nunca, nos fará bem.

Tanto à nossa saúde física e mental, quanto à saúde da Terra.

Hoje o que não faltam são pessoas absolutamente motivadas para mitigar, os efeitos do coronavírus: ameaça microscópica que se abateu sobre nós.

Gente que tem percebido o dever que existe em lutar por toda humanidade.

Organizações financiando pesquisa de ponta, produção alternativa de respiradores artificiais, importação de testes de diagnóstico rápido, confecção de máscaras de pano por mulheres voluntárias e por aí vai.

Fico encantada com iniciativas empreendidas por gente que, mesmo amargurando perdas de toda ordem, ainda encontram maneiras de levar alento aos heróis da saúde.

Como especialista em nutrição e bem-estar, a vida toda militei pela alimentação saudável, livre de açúcar, gordura e farinha em excesso.

Mas como deixar de me encantar com as centenas de pizzarias e lanchonetes que levam comida gratuita aos hospitais, alimentando aqueles profissionais que diariamente arriscam a vida dando o melhor de si pela vida humana.

Para não falar das iniciativas individuais de pessoas que já vivem em precariedade, como a da catadora de materiais recicláveis Cacilda Souza, de Ourinhos, que encheu centenas de garrafas PET recolhidas da rua com água e sabão e passou a distribuí-las aos moradores de rua – amarrando em cada um desses kits um bilhetinho com os dizeres “Se cuide, porque você é especial”.

Pessoalmente, acredito que o mundo dará um salto qualitativo gigantesco em seus valores.

Viveremos um tempo em que o verbos “ter” cedera cada vez mais espaço ao “querer” e ao “fazer”; querer mudar o mundo, fazer acontecer.

Qualquer um que tenha um mínimo de preocupação com a própria biografia sabe que um dia será indagado sobre o que fez durante a maior ameaça à saúde pública.

Uma vida saudável e bem vivida é, sem dúvida alguma, uma vida em que podemos olhar para trás com orgulho de nossas escolhas.

Meu amigo Roberto Lima mencionou outro dia um web chat feito com o grande velejador brasileiro Beto Pandiani.

Perguntado se, depois da pandemia, Pandiani achava que o mundo e a humanidade seria melhor, o velejador simplesmente respondeu: “Isso vai depender de cada um de nós”.

Ao ouvir isso, Roberto comentou entre amigos que ele mesmo tinha feito sua escolha: seria uma pessoa melhor, simplesmente porque não gostaria que a humanidade não fosse melhor por sua causa.

Que tenhamos todos este propósito de vida em comum.

Este texto foi originalmente publicado na revista Veja.

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