Culinária além das receitas

Culinária além das receitas

A intoxicação alimentar acomete milhões de pessoas. Mas uma grande ajuda pode ser dada pelos programas culinários. Estudo revela como o entretenimento tem a oportunidade de educar sobre o assunto.

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Os programas culinários são cada vez mais populares.

Com eles nos divertimos e até aprendemos algumas receitas.

Mas, quando o assunto inclui a segurança alimentar, a lição fica pela metade.

Ao falharem em transmitir um modelo recomendável de medidas de segurança, podem induzir descuido.

E, desta forma, proporcionar riscos de saúde aos telespectadores.

O alerta vem de um novo estudo, feito pela Universidade de Massachusetts em Amherst (Estados Unidos).

Nele, foram analisados 10 programas do gênero, para determinar se apresentavam modelos positivos ou negativos de segurança alimentar.

Foram avaliadas práticas higiênicas de manipulação, uso de utensílios e luvas, proteção contra contaminação e controle de tempo e temperatura.

Também foram registradas menções a estas práticas feitas nos programas.

Exagero dos cientistas?

Certamente que não.

Somente nos Estados Unidos, todos os anos são registrados 48 milhões de casos de doenças alimentares, incluindo três mil fatalidades.

Estas doenças podem resultar de práticas inadequadas de segurança alimentar em ambientes de varejo.

Mas o preparo de refeições em casa também é fonte de preocupação.

Para os cientistas, os conteúdos veiculados perdem a oportunidade de seguir e propagar medidas de segurança adequadas.

A adesão às práticas de segurança alimentar dos consumidores vem diminuindo nos últimos anos.

Por exemplo, menos pessoas relataram lavar as mãos antes de manipular alimentos ou cozinhar nas temperaturas requeridas.

E logo num momento em que 73% das pessoas declararam obter informações sobre segurança alimentar dos meios de comunicação.

Com quase um quarto do total (22%) usando programas de culinária como sua principal fonte de informação.

Para termos a noção desta influência, apenas 33% disseram confiar no governo para informarem-se sobre o assunto.

Segundo uma das autoras, a Dra. Nancy L. Cohen, “a maioria (70%) das práticas avaliadas estavam fora da conformidade”.

“E práticas de segurança alimentar foram mencionados em apenas três episódios (dos 39 avaliados)”.

Na mesma proporção dos problemas, há espaço para melhorias.

Por exemplo, os reality shows culinários poderiam incluir a exigência de treinamento de segurança alimentar para chefs e concorrentes.

E modificar o ambiente estrutural para apoiar o manuseio seguro de alimentos, incorporando o tema como critério de julgamento nas competições.

Para a Dra. Nancy, “há muitas oportunidades em programas de culinária para educar o público sobre práticas seguras de manipulação de alimentos e ajudar a reduzir a incidência de doenças transmitidas por alimentos”.

Da mesma forma, educadores de nutrição e segurança alimentar podem trabalhar com a mídia, para produzir programas que demonstrem comportamentos positivos de segurança alimentar.

E assim educar milhões de pessoas sobre as práticas mais saudáveis, à medida em que aprendem e adotam receitas.

O estudo foi publicado no periódico científico Journal of Nutrition Education and Behavior.

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