Subindo no salto

Associação defende uso de salto alto para “empoderar” as mulheres no Japão. Mas o que pode ajudar não confirma o sexismo com que temos que lidar no ambiente profissional? 

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Além de lidarmos internamente com a autoimagem, temos que enfrentar os estereótipos de gênero e sexismo nas relações sociais e profissionais.

Qual a solução para encarar a mesma barra, mas em uma sociedade milenarmente patriarcal e machista?

Segundo a Associação do Salto Alto do Japão, é preciso elevar o nível do diálogo através de igual medida em relação ao calçado.

A ideia é que as mulheres abandonem as submissas sapatilhas, com as quais até recentemente seguiam silenciosas três passos atrás dos maridos.

Segundo “Madame” Yumiko, diretora da associação, quando mais altas as mulheres projetam sua postura e se sentem mais confiantes.

As aulas que ensinam as mulheres a andarem de saltos altos são populares.

Madame Yumiko e outras instrutoras da associação já ensinaram mais de quatro mil delas a flanar em stilettos.

O curso custa cerca de 12 mil reais e dura seis meses, de acordo com matéria do jornal The Telegraph.

Neste sentido, parece haver um claro descompasso entre o que acontece no Ocidente, onde atrizes de cinema desfilaram descalças pelo tapete vermelho do Festival de Cannes.

O protesto foi contra a exigência, justamente, de salto alto para mulheres na festividade.

A dificuldade em se adaptar aos padrões e a insatisfação com o próprio corpo preocupam, por oportunizarem sintomas depressivos e distúrbios alimentares.

Utilizar técnicas que projetem seu potencial é válido, mas submeter-se a elas é um problema.

Buscar o equilíbrio emocional, ou apenas o conforto de um salto mais baixo, podem fazer parte da mesma solução.

Foto: Laboutin/divulgação

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