Sede do mercado

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Pela primeira vez na história, a venda de água mineral vai superar as de refrigerantes. A tendência de consumo por produtos naturais chegou para ficar. Entretanto, o número de obesos só aumenta. Qual é a explicação deste paradoxo?

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Uma visita ao setor de bebidas de qualquer supermercado deixa qualquer um tonto diante de tantas opções.

Entretanto, a escolha tem recaído invariavelmente pela simples água mineral.

Em 2015, as vendas de água mineral nos Estados Unidos vão superar, pela primeira vez na história, as de bebidas carbonatadas – os conhecidos refrigerantes.

Serão 238 bilhões de litros, contra 227 bilhões de litros de refrigerantes.

A boa notícia revela uma tendência global de mudança do comportamento do consumidor, que está cada vez mais consciente dos males do açúcar – veja matéria anterior sobre o assunto aqui.

A consultoria de mercado Canadean revela que, desde 2008, as vendas de água têm crescido em média 6% ao ano.

No mesmo período, a venda de refrigerantes registrou alta de 1,3% anuais.

Entretanto, quem pensa que as tradicionais companhias do ramo perdem, engana-se.

Isso porque a francesa Danone, a americana Pepsi e a suíça Nestlé controlam o mercado de águas minerais no Hemisfério Norte.

São estas mesmas empresas que agora invertem os investimentos em publicidade, para surfar na nova onda do consumo.

O público que fez bombar a venda de alimentos pouco ou nada nutritivos até a pouco está envelhecendo.

Mas como explicar que, quanto mais aumenta a consciência dos consumidores quanto aos malefícios dos alimentos processados, os campeões em açúcar e sal escondido, mais casos de obesidade em todo o mundo são registrados?

Uma das causas está na educação, já que é entre as populações menos instruídas e de baixa renda, mormente nos países em desenvolvimento, que o paradoxo se aprofunda.

Nestes estratos, a alimentação, além de garantir o funcionamento do corpo físico, constitui-se numa das formas de inscrição social dos indivíduos.

Outro fator é o sedentarismo da vida moderna, que eliminou os esforços físicos do cotidiano de milhões de pessoas.

Para inverter esta tendência, é preciso mais que força de vontade individual, mas planejamento dos governos e colaboração das empresas que, hoje, lucram com o disparate.

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