Reduzindo o círculo de amizades

Muitos amigos nas redes sociais e na agenda do telefone? Para pessoas inteligentes, menos é mais. Estudo revela como, quanto mais contatos, mais infeliz um alto QI se torna.

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Segundo o filósofo Jean-Paul Sartre, “o inferno são os outros”.

É possível que as pessoas inteligentes concordem com esta afirmação com mais frequência.

É o que intuímos diante de uma nova pesquisa, assinada pelos professores Satoshi Kanazawa (London School of Economics) e Norman Li (Singapore Management University).

A tese do estudo é a de que o estilo de vida de nossos antepassados coletores-caçadores formam a base do que nos torna feliz nos dias de hoje.

Nas palavras da pesquisa, divulgada no British Journal of Psychology, “as situações e circunstâncias que teriam aumentado a satisfação de vida dos nossos antepassados no ambiente ancestral ainda podem exercer influência”.

A estes fatores, os cientistas chamaram “teoria da felicidade na savana”.

A teoria foi criada para explicar duas descobertas da análise empreendida em pesquisa respondida por 15 mil participantes, entre 18 e 28 anos.

A primeira foi a de que as pessoas que habitam áreas mais populosas tendem a reportar menor satisfação com a vida.

A segunda foi a de que, quanto mais interações sociais com amigos próximos uma pessoa tem, maior será sua felicidade.

Mas há uma grande excessão.

Quanto mais inteligente for a pessoa, estas correlações são invertidas.

“O efeito da densidade populacional na satisfação com a vida foi mais que o dobro para indivíduos com baixo QI”.

E “indivíduos inteligentes demonstraram menos satisfação com a vida se socializassem com amigos com mais frequência”.

A descoberta sugere que pessoas inteligentes têm menor disposição em gastar tempo socializando, porque estão focados em algum objetivo.

Mas a “teoria da savana” pode oferecer uma outra explicação.

A ideia começa com a premissa de que o cérebro humano evoluiu para responder às demandas de nosso ambiente ancestral.

Nas savanas africanas, a densidade populacional era menos de uma pessoa por quilômetro quadrado.

Este cérebro evoluiu de um ambiente primitivo para, por exemplo, Manhattan (densidade populacional: 27.685 pessoas/km2).

Como podemos ver, a adaptação ainda não está completa.

A situação é similar com as amizades.

Nossos ancestrais viviam em bandos de cerca de 150 indivíduos.

Ter contatos frequentes com amigos e aliados era fundamental para a sobrevivência de nossa espécie.

A partir deste ponto, a vida humana mudou drasticamente e é provável que nossa biologia não tenha acompanhado completamente o ritmo.

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