Crise de identidade

Nos assustam as falsificações e fraudes em azeite e pescados. Agora, o movimento ameaça um dos alimentos mais nobres do mundo. Conheça as ameaças por que passam os chocolates belgas – e seus consumidores.

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Técnicas desenvolvidas em séculos de aprimoramento levaram à criação de produtos únicos.

Como o praliné, o precursor de todos os chocolates recheados.

Assim, os chocolates belgas ganharam fama.

Mas este orgulho nacional está em crise de identidade.

Isso porque algumas das maiores marcas do país passaram para o controle de outras nacionalidades.

A mais recente aquisição foi da Galler pela família real do Qatar.

Guylian (1958) pertence ao grupo sul-coreano Lotte e Jacques (1896) é do grupo holandês Baronie.

Côte-d’Or (1883) e Meurisse (1845) pertencem à multinacional Mondelēz.

Há ainda o fato de que algumas fábricas belgas estejam produzindo no exterior.

Por exemplo, a Godiva (1926) é atual propriedade do conglomerado turco Yıldız Holding.

Que produz em uma fábrica na Pensilvânia (Estados Unidos).

O que levou o jornal Het Nieuwsblad a perguntar: “O quão belga é o chocolate belga?”.

Além disso, ainda não há uma legislação que proteja a denominação de origem.

Por isso, muitos acrescentam a bandeira da Bélgica ou outros recursos para enganar os consumidores.

Estes chocolates “piratas” são vendidos a turistas, inclusive, em Bruxelas.

Então, acabou o chocolate 100% belga?

Fabricantes tradicionais como Leonidas e Neuhaus lutam para manter a tradição.

Pesam os custos fabris e trabalhistas na Europa.

O uso dos ingredientes mais frescos significa prazos de validade mais curtos.

Até que o nome receba proteção, o rótulo de “chocolate belga” merece desconfiança.

E não pense que estamos distantes de uma crise de identidade entre produtos brasileiros.

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