Chuva de poesia

Categoria: Sinta

“Se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar”. Nos Estados Unidos, um projeto criativo deixa o mundo da imaginação e cobre a cidade de poemas secretos nas calçadas, que só aparecem quando chove.

Estamos sempre apressadas e ocupadas, com os olhos voltados para baixo, em direção à calçada ou à tela do celular.

Para surpreender as pessoas nestes momentos de tensão com uma dose de sensibilidade, o grupo Mass Poetry decidiu pintar poemas nas calçadas de Boston.

Mas, ao contrário do caráter invasivo de muitas pinturas urbanas, esta intervenção acontece de modo muito sutil.

Isso porque as poesias são grafitadas com tinta transparente à prova d’água.

Assim, as belas palavras só podem ser vistas quando chove, pois a água é repelida dos locais onde a tinta foi aplicada, deixando as letras de cada poema visíveis por quem passa.

Como a tinta utilizada é biodegradável, as pinturas costumam durar até dois meses.

Se você tem uma visita marcada, ou uma escala de um dia na capital de Massachusetts, a ideia de partir em busca dos poemas nas calçadas pode render um ótimo roteiro.

As pinturas estão nas ruas Langston Hughes (em frente ao Dudley Square Cafe), Gary Duehr, Barbara Helfgott Hyett e Elizabeth McKim (em frente à biblioteca).

Com a boa receptividade do projeto, o grupo pretende continuar instalando novos poemas na cidade.

Para contemplar os imigrantes e turistas, os novos textos incluirão outras línguas, como português, crioulo haitiano e espanhol.

Com tanto picho em São Paulo, seria bom ver como temática dos grafitti locais, que tanta atenção atraem do exterior, algo menos agressivo e tão inspirador como belos poemas em nosso próprio idioma.