O cardápio turvo do Yoshi

O cardápio turvo do Yoshi

Conciliar o interesse particular com a vida em comunidade é um exercício de cidadania. Que não tira folga um minuto sequer, mesmo que nós mesmos estejamos de férias. Em qualquer lugar do mundo, respeito é para quem tem.

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Não é porque o ambiente é conceituado que estamos livres da decepção.

Nestas condições, é bem possível que ela seja maior.

O Yoshi, primeiro restaurante japonês assinado pelo Joel Robuchon no mundo (considerado o melhor de Monte-Carlo), prometia conciliar sabor e serviço.

Em minha última visita à cidade, resolvi visitar mais uma vez a casa, lindamente decorada pelo arquiteto francês Didier Gomez, que fica no lobby do Hotel Metropole.

À entrada fui informada que serviam atum mas, quando veio o peixe, constatei contrariada que o que foi servido era da espécie bonito.

Eu detestei e reclamei, mas o garçom ficou me enrolando dizendo que era sim o “tuna” (atum).

Mas, quando olhei as letras miúdas no rodapé do cardápio, descobri que a pesca do bluefin (atum azul) é uma prática condenável pelo príncipe Albert.

Refleti sobre a questão ambiental e considerei louvável a atitude do monarca e, consequentemente, de seus súditos.

Entretanto, acredito que o garçom poderia ter sido honesto desde o início.

Até porque nunca fui tão fã de atum assim.

Feio é servir uma espécie considerada de menor valor comercial a preço do caríssimo bluefin, usando a sensível questão ambiental como desculpa.

Que servissem apenas outros peixes, não um parecido com o atum, apostando na ignorância do consumidor.

Para mim, cheirou puro marketing.

Poderia ficar indiferente a um programa que não correspondeu à expectativa, mas saiba que só reclama quem quer ver melhorar.

De minha parte, para quem for visitar o principado, considere-se avisado.

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