A cozinha na nuvem

Nada como a conveniência de um prato gostoso entregue em casa num “clicar de olhos”. Mas alguns cuidados devem ser observados. Leia meu artigo, que foi publicado originalmente na revista Veja.

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Os aplicativos de entrega de comida estão cada vez mais essenciais na rotina das pessoas.

Tornaram-se tão imprescindíveis quanto o microondas em casa.

iFood, Rappi, Uber Eats e outros já fazem parte do nosso cotidiano frenético que deseja a comida rápida, prática e boa a qualquer hora.

É dado como certo que o mercado delivery é um dos segmentos que mais cresce e crescerá na próxima década.

A partir daí, a tendência deverá impor uma serie de desdobramentos nesse mercado, inclusive por parte dos reguladores do governo.

O tradicional convite “visite a nossa cozinha”, exposto em boa parte dos restaurantes, pode até mesmo desaparecer pelo andar da carruagem.

E quem quiser conhecer o modo de preparo da comida que recebe via aplicativos, deverá fazer o que?

Acessar os endereços virtuais de cada um desses restaurantes?

Seria uma possibilidade.

Mas há também a questão das chamadas “Cloud Kitchens” (ou cozinhas na nuvem, em tradução livre), que ganham vez mais espaço nas grandes metrópoles.

São espaços disponíveis para locação voltados somente para atender a demanda dos aplicativos de entrega, sem atendimento presencial de clientes e, às vezes, até sem marca própria!

A ideia é diminuir custos operacionais de restaurantes que desejam ampliar suas operações de delivery, ou servir como porta de entrada para empreendedores que desejam atuar no negócio de alimentação.

Existem empresas especializadas nisso.

O conceito saiu do forno em 2018 na Europa.

O app Deliveroo testou o formato em Londres e Paris.

Em 2019, a empresa captou US$ 575 milhões em uma negociação liderada pela Amazon.

O endereço dessas cozinhas não é facilmente conhecido do público, e os restaurantes por sua vez não sabem quais clientes apreciarão seus pratos.

Ou seja, os estabelecimentos perdem o contato direto com os consumidores e vice versa.

Todo o controle de demanda, logística, pagamento e contato com os clientes fica sob o controle dos aplicativos, que definem por sofisticados algoritmos que tipo de cozinha tem mais apelo, ou está em falta, em cada região da cidade.

Há riscos e oportunidades nesse processo.

Porque o mesmo algorítmico que define a popularidade dos fast foods em determinados bairros, por exemplo, pode avaliar as carências de hábitos saudáveis em cada uma dessas regiões.

Ou seja, a tecnologia pode servir para melhorar a oferta de alimentos nutritivos em regiões carentes, ou para reforçar hábitos ruins destas mesmas regiões em função da demanda.

Por outro lado, da mesma forma que o consumidor pede por praticidade, sinto que ele está também atento ao papel da alimentação na sua saúde, checando sempre a qualidade e a procedência do que come.

É um alento saber que alimentar-se melhor tem sido uma das principais resoluções de ano novo nos últimos tempos, segundo pesquisas.

E um orgulho imaginar que eu, lá atrás, fui uma das pioneiras a fazer este trabalho de conscientização das pessoas.

Servir comida saudável, saborosa e de qualidade, entregue com toda praticidade em casa ou no trabalho, por um preço acessível, e a um consumidor cada vez mais bem informado, hoje é um sonho possível que eu, como empreendedora, não me canso de vislumbrar.

Texto publicado originalmente na revista Veja.

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