Mostra-me com quem clicas e te direi quem és

Categoria: Pense

Diga-me com quem clicas e te direi quem és

As aparências enganam? Só se for a você. Programa de computador julga e classifica pessoas – desde a idade e classe social até a “tribo” à qual pertencem. Além de dados como endereço e hábitos de consumo online, agora toda esta informação não escrita pode ser coletada nas redes sociais. E usada pela empresas para fisgar (ainda mais) você.

Computadores fazem de tudo, menos julgar uma pessoa. Para superar esta “falha” da máquina, cientistas da Universidade da Califórnia desenvolveram um programa que identifica sua “tribo urbana” a partir das fotos postadas na internet.

E como funciona? De cada pessoa, o algorítimo criado analisa seis pontos: rosto, cabeça, topo da cabeça (que pode estar de bone ou chapéu), pescoço, tronco e braços. Estas informações isoladas são agrupadas por significados (estilo de corte e cor do cabelo, maquiagem, joias e tatuagens, por exemplo). Por fim, os dados são cruzados com os grupos cadastrados, como ciclista, sertanejo, heavy metal, surfista, hipster ou baladeiro. E olha que é difícil enganar o programa, que acerta em 48% dos casos. Um palpite comum tem 9% de chance de acerto.

Uma de suas aplicações práticas é a segurança pública, já que pode identificar grupos suspeitos entre multidões. Entretanto, é seu uso comercial que nos preocupa. Com todas estas informações, as marcas podem oferecer produtos e conteúdos com maior chance de serem comprados pelas pessoas, sem que estas percebam claramente – principalmente crianças.

Mas esta customização do mundo é mais perigosa por nos mostrar apenas as coisas de que gostamos. Desta maneira, tudo que é diferente e diverso fica inacessível, o que reforça a crença em estereótipos e uma vida sem surpresas. Afinal, é a capacidade de se reinventar que mais nos fascina no ser humano. E é para fornecer informações e incentivo para que isso aconteça que estamos aqui.