Cartazes em movimento

Cartazes em movimento

Passamos tão rápido que o efeito é um só. Quando vemos graffitis e cartazes lambe-lambe misturados a picho e publicidade irregular, achamos que tudo faz parte da mesma bagunça. Se você não compreende a arte urbana, faça um esforço. 80 bailarinos o fizeram.

Eles são os artistas de nosso tempo. E as galerias já não são tão inacessíveis. Hoje, as exposições estão na rua. Há mesmo muita porcaria. Mas, com o olhar mais apurado, é possível reconhecer que existem talentos escondidos por aí.

Na cosmopolita Nova York, o City Ballet sempre teve uma relação bastante fértil com artistas de vanguarda, que utilizaram as ruas como plataforma de expressão, como Andy Warhol, Keith Haring e Julian Schnabel. De volta à tradição, em 2013 o contato foi feito com o francês JR, conhecido por sua arte contemporânea que reúne fotografa, lambe-lambe e intervenções urbanas.

A aproximação foi mais que profícua. Inicialmente, JR foi contratado para fazer um painel que, ao final, tornou-se um grande tablado no hall do Lincoln Center. Na tarefa, fotografou 80 bailarinos para produzir uma imagem única e surreal – veja vídeo a seguir.

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JR em cima de obra recente: o maior painel de arte urbana do mundo (Times Square, Nova York)

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Painel fotográfico no hall do Lincoln Center: 80 bailarinos flutuam em imagem surreal

Mas a história não parou por aí. Juntos, os artistas resolveram “misturar” seus talentos, e a proposta de uma coreografia inspirada nos cartazes de JR ganhou corpo – literalmente. O balé “Les Bosquets”, criado coletivamente ganhou apenas seis apresentações – e marcou uma colaboração entre campos até então bem distintos do que se entende por arte. O curioso é que, por mais libertária que seja o trabalho de JR, o vídeo com o espetáculo não pôde ser compartilhado aqui no site. Assista a trecho do balé aqui.

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O figurino apresenta as retículas das imagens dos cartazes

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Os bailarinos Lil Buck e Lauren interpretam os cartazes em movimento

O recado é que devemos abrir os olhos e os sentidos para novos conceitos. Assim como recolhemos informações sobre dietas, regimes e alimentos diferentes para então formarmos uma opinião do que é bom ou não funciona, a cultura deve estar sempre no foco de nossa atenção. À primeira vista, pode parecer distante a conexão. Mas, com algum esforço, você pode enxergar que faz parte de uma reeducação aliementar dirigir nosso interesse para fora de nossa zona de conforto.

NYCB Art Series Apresenta: JR

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