Imperatriz censurada

Imperatriz censurada

Os padrões estéticos ditam nosso comportamento. Mas governo da China tenta fazer com que sejam apagados da história. Pelo menos, da versão para a TV. Com o cancelamento de série por causa do decote utilizado no figurino, censura no país mais populoso do mundo emudece os protestos.

Leia mais:

Uma pergunta indiscreta – Se pudesse, o que mudaria em seu corpo?
A medida da real beleza – O que acontece quando trocamos números por elogios

Brasileiro gosta de novela. Mas parece que quem vive depois da Grande Muralha gosta mais. Infelizmente, não foi o suficiente para segurar a mão dos censores.

A Imperatriz da China conta a história de Wu Zetian que, no sétimo século daquele país, tornou-se a primeira e única dignatária do sexo feminino daquele país.

Após uma semana no ar, diante das cenas que exibiam atrizes ou figurantes com decotes mais pronunciados, a decisão do governo foi suspender a exibição. Para permitir sua volta dias depois, com algumas modificações.

decotes

Decotes da protagonista e figurantes incomodaram os censores

Aparentemente, a anunciada produção mais cara da televisão chinesa, iludiu-se com a próprio grandiosidade.

Os fãs logo repararam que enquadramentos mais amplos que mostravam, entre outras coisas, o rico vesturário da produção, com três mil vestimentas finamente acabadas, foram substituídos por closes e foco apenas nos rostos das atrizes, principalmente da protagonista, a estrela Fan Bingbing.

Na programação do país não são abordados comportamentos sociais desaprovados pelo sistema, como adultério, sexo, nudez, jogo, drogas e até fantasmas. Mas, desta vez, o sentimento geral é o de que o governo exagerou.

As intervenções são grosseiras e comprometem a veracidade do que está sendo retratado. Na dinastia Tang (618 a 907 D.C.), quanto mais poderosa era a mulher, maior o decote que usava.

Tudo isso prejudica o apuro da produção, que custou 300 milhões de yuans (cerca de 130 milhões de reais).

Em pleno século 21, a população sente-se tratada como crianças.

Ao menos a ditadura que ganha elogios ao conduzir o país ao sucesso econômico corrige a miopia com que é enxergada, ao agir como todo regime de excessão, de maneira unilateral e autoritária.

Acompanhe a seguir os traillers que foram produzidos para divulgar a superprodução.

E tente enxergar o que hoje todos estão perdendo.

Tags: , ,