Acredite nas oportunidades
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Depois da pandemia, o Brasil de 2021 precisa do sentimento de urgência e de superação. Leia a coluna de Luiz Carlos Trabuco Cappi publicada no Estadão.
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A sensação, neste começo de ano, é a de abrir um livro em branco, que será escrito por todos os brasileiros.
As possibilidades positivas são muitas.
O ano de 2020 foi quase sabático para o mundo.
A atual pandemia do novo coronavírus mudou a visão de futuro do Brasil – e, como todas as anteriores, provocou transformações importantes na estrutura econômica e social dos países.
A praga Justiniana, em 542, matou entre um quarto e metade da população romana, abalou o poder econômico e militar de Roma.
A peste negra teve seu pico de contaminação entre 1347 e 1351, com surtos até o século 18.
A estimativa de mortes chega a 200 milhões, e teve como uma de suas consequências o declínio do sistema feudal.
Com menos gente, a escassez de mão de obra incentivou inovações na agricultura, como o arado, a rotação de culturas, a fertilização com esterco e a urbanização.
Abriu caminho para o início do Renascimento, um período de grandes mudanças e ganhos de produtividade.
Há paralelos entre essas pandemias e a dos dias de hoje.
Mostraram que se pode mudar rápido e o mundo se reinventar, com o meio ambiente no centro das prioridades.
A inclusão social é outro pilar da mudança.
A Segunda Guerra Mundial foi a maior crise do século XX.
Como resultado, fez com que o mundo avançasse na sua integração, a partir da criação da ONU, da OMC, do Banco Mundial e do FMI, cujos objetivos incluem trabalhar em convergência pela paz e pelo crescimento.
A pandemia continua, mas o início da vacinação em massa abre esperanças de que ela pode ser controlada.
A recuperação econômica tende a ser desigual, muitas empresas se recuperarão, algumas deixarão de existir e outras se reinventarão.
Na política econômica, o desafio é a gestão dos estímulos e os auxílios aos mais pobres, gerenciando a dívida pública.
O que se percebe é que a expansão das dívidas fiscais pode aumentar a tributação em quase todos os países.
Milhões de empregos foram destruídos e é, portanto, importante focar na criação de opções.
Os indicadores apontam para a recuperação econômica, com crescimento de cerca de 4% do PIB, e equilíbrio externo.
O foco, agora, precisa ser o futuro.
Aprovação das reformas, incentivos ao empreendedorismo e inclusão digital são necessários para gerar mais investimentos e mais empregos.
Seria possível aumentar a produtividade da economia com o ensino a distância, pela ampla oferta de educação individualizada e material didático de qualidade a todos os brasileiros.
E revolucionar o papel dos professores.
Estão aí as novas descobertas em saúde.
Possibilitam diagnósticos mais rápidos e seguros.
A telemedicina, em lugares remotos, ajuda os médicos locais.
Aproxima e iguala o acesso aos nossos centros de excelência, que estão entre os melhores do mundo.
É um caminho viável para melhorar a saúde de toda a população.
O setor bancário brasileiro vive uma das maiores transformações de sua história.
Mudanças na estrutura de mercado, avanços em tecnologia e novo ambiente institucional, além do open banking, vão dar nova configuração competitiva ao setor.
Todas as empresas devem redesenhar seus modelos de negócio e promover mudanças organizacionais.
O papel das áreas de recursos humanos tornou-se ainda mais central na gestão da transformação, com vistas à geração de outros valores e propósitos do capital humano.
Finalmente, vamos torcer pela realização das Olimpíadas adiadas no ano passado, com o melhor do esporte mundial em Tóquio.
Recordes seriam batidos.
Um paradigma da vontade do ser humano de se superar, no esporte e na vida.
Teremos, outra vez, novas fontes de inspiração para seguirmos em frente.
A pandemia mostrou como o tempo pode ser acelerado.
O Brasil de 2021 precisa do sentimento de urgência e de superação, pois as possibilidades de construção de um país melhor só dependem da união de todos nós.
Vamos aproveitar as oportunidades.
Publicado originalmente em O Estado de S. Paulo.