A sedução dos transgênicos

Ainda é grande a rejeição aos alimentos transgênicos. A expectativa é que isso mude em breve, com a chegada da primeira safra das maçãs que não escurecem quando partidas. Você se deixaria seduzir?

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Embora haja quem busque fugir se sua presença, eles estão entre nós.

São os organismos geneticamente modificados (OGM).

Ainda que a questão seja a este ponto incontornável, aceitar sua existência não é fácil.

E consiste em uma questão ética, ecológica e de saúde.

A consciência de muitos não aceita manipulações no DNA de organismos vivos.

O fato é que a presença destes alimentos é cada vez mais comum em nossa dieta.

A aposta dos produtores é que esta resistência seja vencida com o tempo.

E este tempo parece ter chegado.

É nisso que acreditam os produtores da primeira maçã transgênica aprovada para o consumo.

Afinal, falta menos de um mês para que a Artic Apple chegue ao mercado.

Resultado de 20 anos de pesquisas, a fruta foi considerada segura pela FDA, o órgão fiscalizador americano.

E também pelas autoridades do Canadá, país onde é cultivada.

Mas o que esta maçã tem de diferente?

Ao contrário de qualquer outra, esta espécie foi geneticamente modificada para não escurecer depois de cortada.

Para isso, desativou o gene que produz polifenoloxidase, uma enzima que escurece a fruta quando exposta ao oxigênio.

O lançamento vem acompanhado de uma estratégia de marketing.

Até agora, os OGMs foram defendidos principalmente como uma maneira de proteger as colheitas e melhorar a produção agrícola.

Todo este argumento diz respeito a um mundo muito distante dos consumidores urbanos.

Assim, a Arctic Apple é o primeiro OGM a ser comercializado como um alimento de conveniência.

Desta forma, a fruta será vendidos em pedaços já cortados, em sacos de plástico de 300 gramas.

A ideia é seguir o sucesso das baby carrots, as minicenouras que até pouco nem existiam.

Além do aspecto visual, nutricionalmente falando, nada mais difere a nova espécie das demais.

Por conta disso, os argumentos de vendas deslocam-se para outras ênfases.

Como, por exemplo (e paradoxalmente), a ambiental.

Os produtores da nova maçã propagandeiam a redução do desperdício.

Estima-se que 40%, machucadas na manipulação até chegarem ao mercado, são jogadas fora.

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