Solte o verbo

É feio e sabemos que não devemos falar palavrão. Mas, em certas horas, é só este vocabulário que vem à cabeça. Quer saber? Não se reprima. Estudos revelam o quão benéfico é soltar o verbo.

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Pode parecer má educação, ou falta de vocabulário.

Mas, em momentos específicos, seja quando nossa paciência é posta à prova ou nos quais somos surpreendidas positivamente, a interjeição mais chula é socialmente aceita.

Psicolinguistas já pontuaram que palavras que são tabu comunicam nosso estado emocional de maneira mais eficaz que qualquer outra.

Também nos permitem tirar algo entalado na garganta sem que tenhamos que partir para a agressão física.

Isso explica porque somos melhores xingando quando nos provocam.

Após jogar vídeo games violentos por 10 minutos, participantes de um estudo feito por italianos e americanos foram capazes de escrever mais palavras de baixo calão que quem jogou golf virtual.

Outros estudos apontam mais benefícios de soltar o verbo.

Às vezes, soltar o verbo faz bem (ilustração Pictoline Brasil)

Ao menos, xingar ajuda a suportar a dor.

Em uma pesquisa inglesa, quando estudantes repetiram um mesmo palavrão, foram capazes de manter a mão submersa em gelo por 40 segundos a mais, em média, que quem repetiu uma palavra neutra.

Também relataram a dor sentida como menos intensa.

Há também uma vantagem que é social.

Em estudo neozelandês, trabalhadores que xingaram tiveram solidariedade e foram mais aceitos no grupo.

Mas, antes que você saia desfiando seu vocabulário mais rasteiro por aí, saiba que quem tem a “boca suja” não coleciona apenas vantagens.

Uma outra pesquisa relatou que colegas de escritório avaliaram como incompetente aquele dentre eles que exagera nos palavrões.

Se a atitude é ou não profissional, pode ser persuasiva.

Criminosos fictícios e relatos forjados de suas contravenções foram considerados mais críveis que relatos sem palavrões.

Paralelamente, discursos políticos com palavras rudes (as que não chegam a ser consideradas palavrão) geraram mais empatia com a plateia.

Mas os que utilizaram explicitamente as palavras feias tiveram efeito contrário.

Resumindo: xingue.

Se der vontade e, principalmente, caso a situação permita, xingue à vontade.

Como vimos, você estará evitando confrontos físicos, se protegendo da dor e criando vínculos com os companheiros.

Só não o faça se estiver buscando uma promoção no trabalho.

Ou em um comício – ao menos se estiver do lado de cima do palco.

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