Estrelas virtuosas

Restaurantes são classificados pela higiene e qualidade das refeições. Agora, novo ranking os avalia pela maneira como tratam seus funcionários. Nada mais justo saber se a comida foi feita por pessoas felizes. 

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Não importa se a localização é num shopping com altíssima rotatividade, ou em endereços mais sofisticados.

O fato é que os trabalhadores do segmento alimentício são fortemente pressionados por produtividade, sem um salário compatível que corresponda a esta cobrança.

Paradoxalmente, é desta categoria que esperamos e cobramos esmero e carinho no preparo e no serviço de nossas refeições.

Entretanto, a classificação da qualidade dos restaurantes foca no salão, e não na cozinha e bastidores.

Por tudo isso, é inegável que a questão trabalhista é uma luta que vai parar no seu prato.

Que, se vier de uma cozinha onde foi feito com o coração e for servido com um sorriso, pode ser mais gostoso.

O raciocínio é, se você deseja ser bem servida e receber uma refeição de qualidade, então deveria se importar com quem trabalha em todas as etapas deste processo.

Com este ponto de vista, a americana Saru Jayaraman lançou o livro Forked: A New Standard for American Dining (algo como “Garfado: Um novo patamar em comer fora na América”).

A autora é fundadora e diretora da Restaurant Opportunities Centers United (ROC) organização que luta por melhores salários e condições de trabalho para trabalhadores de restaurantes.

Na obra, Saru Jayaraman analisa estudos de caso relacionados a 14 restaurantes nos Estados Unidos, de renomados chefs a casas mais simples.

A obra apresenta também um ranking, onde as condições de trabalho ganham a importância de uma estrela Michelin.

Na ponta de baixo estão os restaurantes que pagam o mínimo exigido por lei, não pagam folgas por doença, não oferecem progressão na carreira e não protegem o staff do assédio dos clientes.

No outro extremo, chamado pela autora de empregadores “high-road”, estão restaurantes que são lucrativos sem explorar quem prepara, serve e lava os pratos.

Mas, como saber se os trabalhadores do restaurante que você pretende ir hoje à noite é justo dos dois lados do balcão?

Se estiver nos Estados Unidos, pode baixar gratuitamente o aplicativo Diner’s Guide, elaborado pelo ROC.

O serviço é oferecido nas cidades de Detroit, Chicago, Houston, Los Angeles, Nova Orleans, Miami, Filadélfia, Nova York e Washington DC – clique aqui.

No site do livro, é possível ter acesso à lista, de 608 restaurantes “high-road”.

Fora deste circuito, a autora recomenda preferência por restaurantes que não sejam filiais de grandes redes.

Em casas menores, a relação entre funcionários e empregadores é mais próxima –  e a sinceridade entra na receita.

É claro que, sem uma versão nacional para a iniciativa, uma classificação vai depender de alguma sensibilidade ao tema.

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Detalhe da capa do livro de Saru Jayaraman

A autora divulgou vídeo onde podemos ver os argumentos de sua obra.

Nele, vemos como os funcionários da rede Olive’s Garden se encaixa no rés do ranking, e como se comportam restaurantes de outro perfil quanto ao assunto.

O vídeo está em inglês.

Para assistir com legendadas, basta clicar no ícone da engrenagem.

Depois clique em “legendas/CC”, “tradução automática” e selecione “português” como língua.

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