Somos todos compulsivos

Somos todos compulsivos? Desde não conseguir deixar de olhar o smartphone às compras online e ao uso do álcool gel, estudo explica porque chegamos a este ponto.

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Basta abrir as redes sociais no celular.

O dedo rola a timeline para cima e para baixo, ocasionalmente dando “likes”.

E assim esquecemos da vida: nos atrasamos, a comida queima na panela e por aí vai.

O problema é que isso acontece o tempo todo.

Pesquisas já apontaram que uma pessoa checa o smartphone 35 vezes por dia, em média.

A compulsão tem muitas formas, e os gadgets parecem criar muitas outras.

Como estamos inseridos no contexto, fica difícil enxergar algum problema nisso.

Por isso, todo pensamento crítico a respeito é bem-vindo para esclarecer este relacionamento.

Para contribuir, a autora Sharon Begley está lançando um livro esclarecedor.

A obra é Can’t Just Stop: An Investigation of Compulsions (“Não consigo parar: uma investigação das compulsões).

Nela, aprendemos como o assunto já foi tratado com diversas abordagens.

De acordo com arqueólogos comportamentais, as compulsões já foram apontadas como provocadas por Satanás.

Hoje sabemos que muitas vezes nascem de um sentimento ambíguo de medo – sentimento que está em abundância atualmente.

E o entendimento esclarece um círculo vicioso.

O entendimento comum do que significam o circuito de recompensa do cérebro tem mais de 50 anos.

Entretanto, os novos estudos revelam que o circuito que ativa a dopamina (hormônio do prazer) pode prever o quanto você vai gostar de alguma coisa.

Ele então calcula o quanto disso pode realmente se concretizar, e o quanto pode te decepcionar.

Quando a realidade não é correspondida, há uma queda no hormônio.

Ou seja, ao invés do prazer, cria-se um incômodo.

Por este motivo, vivemos buscando fazer a realidade exceder as expectativas.

Como isso não acontece, repetimos a tentativa.

Desta repetição sem sentido vêm os comportamentos compulsivos.

E eles estão por tado parte.

Incluem desde a quem não consegue parar de jogar Candy Crush, coleciona caixas, faz compras online de coisas de que não precisa.

E efeitos colaterais como a “nomophobia”, a fobia de ficar sem telefone.

O valor do livro é jogar uma luz no assunto.

A esperança da autora é que a investigação sobre esses distúrbios se traduza no reconhecimento destas compulsões mais leves.

É a partir daí que poderão ser criadas terapias que possam ajudar.

Em meio ao alarmismo, Sharon Begley oferece um outro ponto de vista da questão.

Se a compulsão que tiver não está afetando a sua vida de forma negativa, talvez só faça de você uma pessoa mais interessante.

Vamos aguardar o lançamento do livro no Brasil.

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Compulsiva sim, e daí: livro mostra como identificar e cuidar do lado ruim do transtorno

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