Nutrição certa por linhas tortas

Feios, inapropriados e até chamados de indecentes. Não é fácil agradar a todos. Para atender padrões estéticos, alimentos imperfeitos, como cenouras, são descartados às toneladas. Vale a pena este desperdício?

Na seção dos vegetais, vemos todos ali, perfilados e organizados. As frutas são redondas e brilhantes, as folhas têm cores vibrantes e os vegetais são selecionados, um a um. O que os olhos não vêem é o desperdício sem sentido que este processo proporciona.

Para expor este ponto de vista, o fotógrafo inglês Tim Smyth está lançando um livro, chamado Defective Carrots (“cenouras defeituosas”). Em 56 imagens, ele nos mostra as formas curiosas produzidas pela natureza que, na linha de produção dos grandes atacadistas, não conseguem passar impunes pelos scanners, que detectam e eliminam todos os vegetais que estejam fora dos padrões.

O scanner, chamado Focus, mede as cenouras que passam em esteiras a altas velocidades pelo visor da máquina. Ele mede o tamanho, dimensões e forma, para decidir o que será exposto. Cerca de 20% não passam no teste.

Segundo Tim, seu trabalho é um triste lembrete de como estamos afastados de nossas raízes. Estamos tão programados a descartar o que foge dos padrões estéticos que não nos damos conta de que, seja no prato ou na vida, toda forma implica em um conteúdo.

É claro que boa parte dos vegetais visualmente prejudicados consegue outra destinação, como ser ingredientes de sopas e molhos. Para os demais, uma boa ideia seria colocar à venda por preços mais atrativos. Só não me venha com a desculpa, para evitar colocar cor e variedade no prato, de que vegetais são feios. Para uma dieta saudável, garanta nutrientes variados, naturais e coloridos. Feio é ter uma alimentação pobre por escolha.