Motivação após os 50

Nunca é tarde para descobrir um novo interesse. Leia meu artigo publicado na revista Veja.

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Quando olhamos uma fotografia nossa antiga, dos tempos da adolescência, nós, adultos, muitas vezes não reconhecemos ali a pessoa que somos hoje.

Não estou falando só de aparência física.

A sensação de estranhamento está refletida nos desejos, expectativas, gostos e sentimentos que mudaram com o passar do tempo.

O que se tem de sobra na mente e no coração aos 15 e que às vezes falta aos 50?

Motivação – a motivação de quem tem novas experiências pela frente, de quem tem um futuro a construir.

Estar motivado é fundamental para uma boa qualidade de vida.

Quanto mais apaixonados estamos por um assunto ou uma atividade, mais forte será nosso ímpeto de evoluir e perseguir novas metas.

Se você ama cozinhar, como eu, é mais fácil e prazeroso se esforçar para melhorar suas receitas.

Se adora jogar futebol, estará mais disposto a treinar até se tornar um atleta melhor – e assim por diante.

Afinal, como escreveu a romancista britânica que ficou conhecida como George Eliot, “nunca é tarde demais para ser o que você poderia ter sido”.

É esse foco que traz estabilidade emocional e um sentido de propósito para nossas vidas, que nos torna mais otimistas ou, conforme o caso, evita a espiral da depressão.

À medida que as pesquisas sobre psicologia avançam, vamos descobrindo que essas relações entre motivação e qualidade de vida podem ser muito mais complexas e sutis do que parecem à primeira vista.

Um bom exemplo disso veio de um estudo da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

Os pesquisadores investigaram, num grupo de pessoas entre 14 e 77 anos, a relação entre paixão (o quanto gostamos de algo) e coragem (o quanto estamos dispostos a nos esforçar para conseguir esse algo).

Como esperado, os resultados confirmam que quanto mais interesse temos por uma atividade, mais dedicados estaremos a ela.

Há, porém, uma nuance curiosa.

Ao que tudo indica, essa correlação entre “paixão” e “coragem” fica mais fraca por volta dos 50 anos.

Quando nos aproximamos da terceira idade, ficamos menos dispostos a perseguir algum objetivo, ainda que tenhamos interesse por ele.

Ou seja, precisamos de um estímulo a mais para arregaçar as mangas e sair da inércia.

Então quer dizer que depois dos 50 estamos condenados a viver sem motivação?

Claro que não!

Mas devemos considerar dois alertas importantes.

Em primeiro lugar, conforme a idade avança, precisamos de uma dose maior de interesse para buscarmos aperfeiçoamento pessoal.

O entusiasmo que sentimos diante de um interesse novo é quase sempre o mais forte, e pode ser a faísca que faltava para colocar em movimento um motor com muita quilometragem pela frente.

Em segundo, é impossível saber em qual fase da vida encontraremos nossa paixão – que pode ser uma profissão, um hobby, um campo de estudos, um esporte, não importa.

Tampouco sabemos se essa paixão, como tudo mais, irá mudar ao longo do tempo.

Logo, o importante é continuar tentando.

Por isso, experimente, repense, mude, mas não deixe a vida passar sem descobrir algo que realmente ama fazer.

Um sábio provérbio chinês ensina: “O melhor momento para plantar uma árvore era vinte anos atrás. O segundo melhor é agora”.

Publicado originalmente na revista Veja.

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