A descoberta dos sabores

A descoberta dos sabores

De loucuras a grandes feitos humanitários, é de se admirar o que fazemos e até onde vamos por nossas comidas favoritas. Em novo livro, o historiador Simon Spaulding relaciona o desenvolvimento da navegação com a descoberta dos sabores. 

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As viagens espaciais ajudam a tecnologia aplicada à nossa qualidade de vida dar saltos.

Mas foram as navegações históricas que revolucionaram como os alimentos chegaram até nós e sua maneira de prepará-los.

Este é o argumento do livro de Simon Spalding, Food at Sea: Shipboard Cuisine From Ancient to Modern Times (“Alimentação ao mar: a culinária embarcada, das origens aos tempos modernos”).

Toda viagem de navio dura enquanto durarem vivos seus tripulantes.

Por isso, foi o desenvolvimento da tecnologia de conservação e preparação de alimentos que permitiu a milhares de pessoas explorarem destinos e povoarem áreas até então isoladas.

As caravelas que descobriram a América em 1492, Santa Maria, Pinta e Nina, dispunham de espaço para transportar carne desidratada, peixe salgado, vinho, mel e melado. Para tornar o processo mais eficiente, todos os métodos de conservação da época foram unificados e aperfeiçoados.

Foi isso que tornou possível abastecer as longas viagens, que deram origem ao mapa mundi como o conhecemos.

A descoberta dos sabores

Outra grande inovação que conquistou mar e terra, o fogão de ferro foi criado para equipar os navios de guerra em longas patrulhas, como o HMS Victory, belonave britânica que combateu piratas pelos Sete Mares, fabricada na década de 1760.

Já a esterilização pelo calor, desenvolvida pela marinha francesa nos anos 1800, levou à invenção de comida enlatada pela marinha americana, na época da Guerra Civil daquele país.

Combinadas, estas inovações revolucionaram a capacidade dos navios mercantes e forjaram hábitos alimentares do século seguinte.

A refrigeração em larga escala só foi possível graças aos cruzeiros de luxo, nos anos 1900.

Com este diferencial, os restaurantes da rede de luxo Ritz-Carlton, presentes nos navios da linha Hamburgo-Nova York, apresentaram a inovadora opção de poder comer fora dos horários estabelecidos pela cozinha.

O comércio mundial de carne desenvolveu-se enormemente a partir daí, com cortes refrigerados sendo embarcados da Nova Zelândia e Argentina para a Europa, por exemplo.

Agora, a navegação prepara-se para nos deixar um novo legado.

A expectativa é que o processamento da informação alcança novos patamares a partir de 2015, com o sistema a ser utilizado pelo Carnival Ectsasy, navio de cruzeiros da classe Fantasy.

Para atender as preferências de cada um de seus 2.056 passageiros, em todas as refeições do dia, as provisões precisam ser precisas, para não sobrecarregar o valioso e escasso espaço do navio.

O sistema de análise de dados que decide o abastecimento do navio, descrito como uma “combinação perfeita entre tecnologia avançada, elegância e serviços exclusivos”, deverá ser o mais inovador existente.

É interessante saber que muito do que temos à mesa, nos dias de hoje e em terra firme, vem dos navios desde a Antiguidade.

Ao buscar entender de onde herdamos nossos hábitos alimentares, podemos tentar prever o destino que nos espera quando chegar a conta.

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