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Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.
Condenar vítimas do efeito-sanfona é um desserviço à sociedade. Leia minha última coluna publicada na revista Veja.
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A maioria das pessoas que emagreceram ou tentaram emagrecer deve ter enfrentado em algum momento o que se chama de efeito-sanfona.
A expressão é autoexplicativa: como o fole do instrumento, o corpo se contrai num momento para inflar no momento seguinte.
Eu não fui exceção.
Faz muito tempo, mas ainda me lembro bem.
Vivia tentando dietas diferentes que tinham sempre o mesmo resultado: eu perdia peso num dia e ganhava os quilos de volta em outro.
Até que um dia um médico me disse: “Lucilia, você já tentou tantas vezes e nunca deu certo. Emagrecer e engordar também faz mal à saúde”.
Fiquei abalada, claro, mas a consulta ainda não havia acabado.
Ele foi em frente com a conclusão: “Se é para ser assim, melhor você fazer as pazes com a balança”.
Ora, “fazer as pazes com a balança” é um eufemismo para “continue gorda e seja feliz”.
Eu tinha duas alternativas: aceitar ou desafiar o prognóstico.
Quem me acompanha neste espaço – e sabe que acabei perdendo 60 quilos e mantendo o peso – terá adivinhado minha opção.
Essa lembrança tão remota me veio à mente a propósito do que tenho ouvido sobre gordofobia, um movimento que tem rendido muitos “likes” nas redes sociais.
Sob o manto da melhor das intenções, uma boa parte da mensagem desses grupos – na linha “aceite seu corpo”, “rebele-se contra os padrões estéticos impostos pela sociedade” – chega a ser perigosa.
Até porque o argumento é poderoso, uma vez que, realmente, há uma pressão difusa para que as mulheres sejam muito magras.
O problema é que a reação – uma campanha pela aceitação da obesidade – tem sido igualmente exagerada.
Nos Estados Unidos, fala-se com orgulho nos quilos a mais.
É o movimento “fat pride”, com equivalentes no Brasil.
Claro que cada época elege seu ideal de beleza.
No Renascimento, como mostram as clássicas pinturas do período, faziam sucesso as mulheres que hoje seriam chamadas de gordas.
Sinal de fecundidade, acreditava-se.
No outro extremo, na era de ouro de Hollywood, nos anos 1940 e 1950, consagrou-se o corpo em forma de ampulheta, com cintura bem marcada. Elizabeth Taylor, Sophia Loren e Marilyn Monroe representaram esse modelo à perfeição.
Mas a obesidade não é assunto para ser tratada na esfera da estética – a questão é de saúde.
Acredito que o processo de emagrecimento possa ser visto sob a ótica do empreendedorismo.
Empreender significa, entre outras coisas, acreditar na sua intuição, confiar no seu taco.
É dizer “sim”, enquanto à sua volta todos dizem “não”.
É ter uma meta e não se afastar dela, a não ser para fazer as adaptações necessárias para ela ser viabilizada.
Eventuais revezes são batalhas perdidas, não a derrota final, no caso para a balança.
Não digo de “ouvi dizer”.
Falo por experiência própria.
Seja empreendedora de si mesma.
Não esmoreça, recomece o regime outra vez, e de novo.
A recompensa só se materializa para quem não deixa de tentar.
Glorificar a obesidade e condenar as vítimas do efeito-sanfona, com base em achismos ou estudos incompletos, é um desserviço à sociedade.
Antes de dar ouvidos ao que vem de fora, procure a resposta dentro de você.
E dance conforme a música: sanfonas estão mais associadas a canções alegres do que a tristes melodias.
Publicado originalmente na revista Veja.
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