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Lucilia Diniz desmistifica o que significa viver bem a vida, por dentro e por fora.
O que esperamos dos governos, em suas diferentes esferas, é que encarem nossas lutas mais grandiosas. Mas, enquanto no Brasil as instituições cuidam de interesses próprios, o governo do Chile combate as gigantes dos alimentos pelo futuro de seu povo.
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Infelizmente, quando representantes dos três poderes de nosso país aparecem nas manchetes, geralmente estão envolvidos em escândalos.
Por isso surpreende, de modo positivo, o motivo pelo qual o governo do Chile ganhou destaque na mídia global.
Naquele país, a estimativa oficial é de que um terço das crianças menores de seis anos estejam com sobrepeso ou obesas.
Para reduzir este número, e poupar as próximas gerações dos problemas de saúde relacionados ao excesso de peso, o ministério da saúde elaborou uma série de medidas.
Em uma delas, proibiu o uso de personagens infantis nas embalagens de alimentos processados e cheios de açúcar escondido para menores de 14 anos.
A Lei de Composição e Publicidade de Alimentos, em vigor desde junho/2016, contraria o interesse de gigantes multinacionais do setor.
Felizmente, o lado mais poderoso é o que está perdendo a batalha.
Com o novo respaldo legal, o governo está processando as companhias Nestlé, Kellogg’s e Masterfoods.
O motivo é por “utilizarem figuras infantis nas embalagens de seus produtos, argumentando direito do uso da marca por sobre a norma vigente”.
Para seguirem vendendo seus produtos, estas empresas devem retirar os personagens que ilustram suas embalagens.
Esta única mudança significa colocar todo o marketing global das marcas em risco, em um setor que já sente com a redução das vendas.
Afinal, como reconhecer os sucrilhos da Kellogg’s sem a estampa do tigre Tony, criado em 1951 unicamente para anunciar o produto para o público infantil?
Além do processo, cada empresa foi multada em 110 mil dólares.
A lei também obriga a adoção de nova sinalização dos altos conteúdos de gorduras trans, açúcar adicionado, sódio e calorias totais.
E segue proibindo a venda de alimentos ultraprocessados em escolas, bem como o uso de promoções que envolvam brinquedos.
O alvo é “fofo”, mas a atuação do tigre é tão maligna quanto eficaz.
Segundo pesquisa recente, crianças que já têm sobrepeso aumentam em 134% o consumo de snacks e doces quando expostas à publicidade destes produtos.
No Brasil, determinação semelhante foi aprovada e está em vigor desde 2014.
A resolução 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) proíbe a publicidade dirigida às crianças, com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço.
Mas pouco sabemos e nos envolvemos sobre a relação entre a obesidade infantil e a publicidade.
Sem a ação oficial, temos que fazer cumprir as leis através de outros arranjos.
Por isso, sinta-se convocada para formar fileira nesta causa.
Para saber mais sobre o assunto e até registrar uma denúncia, visite o site do Projeto Criança e Consumo – clique aqui.
Assista ao vídeo que apresenta a nova lei chilena – em espanhol, com legendas quando disponíveis.
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