A sabotagem inconsciente
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Coca zero e batatas fritas? Estudo em parceria entre várias universidades revela como o cérebro funciona ao fazer escolhas alimentares, compensando cada escolha certa com uma “errada”.
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Somos constantemente bombardeadas sobre o que devemos ou não comer.
Mas, será que toda esta mobilização, algumas vezes até exagerada, está funcionando?
Com o objetivo de desvendar a aparente desconexão entre as preocupações com a saúde e as compras de alimentos que realmente são feitas, pesquisadores analisaram dados disponíveis sobre hábitos do consumidor.
O estudo foi feito em parceria entre a State University of New York at Buffalo e Baruch College (Estados Unidos) e Aalto University School of Business (Finlândia).
Com as informações, os consumidores foram divididos em três segmentos, com base em suas atitudes e preocupações: motivados pela saúde, equilibrados e hedonistas.
Quando confrontados com escolhas saudáveis ou não – com baixos níveis de gordura, açúcar ou sal – os grupos apresentaram variações distintas em características, comportamento de compra e resposta às variáveis do mix de marketing, como preço e desconto.
A inclusão de alimentos altamente processados no carrinho, bem como de alimentos saudáveis, foi feita por todos os grupos, em graus diferentes, com base em suas prioridades.
O interessante foi a identificação de compensações no comportamento de consumo, em que a cada boa escolha, uma escolha “ruim” foi feita, não exatamente nesta proporção.
E nunca de forma consciente.
A partir desta descoberta, os autores do estudo sugerem diferentes abordagens estratégias para incentivar as compras de alimentos mais saudáveis.
Os varejistas podem usar o conhecimento como orientação sobre quais produtos agrupar para oferecer promoções, a fim de maximizar o impacto sobre o consumo saudável.
Para a elaboração de política pública que vise promover a saúde da população, é imperativo compreender a natureza do mecanismo de escolha do consumidor e adaptar estratégias para segmentos específicos de comportamento.
Quanto a nós, cabe manter a vigilância.
Escolhas saudáveis não precisam ser “premiadas” por alimentos que subvertem todo o esforço que fazemos para manter-nos… saudáveis.
Não faz sentido encarar uma dieta de baixas calorias como uma punição, da qual se busca escapar sempre que possível.
Assim, nenhuma reeducação alimentar se sustenta a longo prazo.
E lá vem o efeito sanfona, em que à pouca perda peso se sucede um grande ganho de massa corporal.
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