Rompendo o ciclo do junk food

Rompendo o ciclo do junk food

Sim, sabemos que o junk food leva a um círculo vicioso. Agora, um novo estudo australiano revela como podemos nos livrar desta maldição.

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O cardápio junk food tem a capacidade de nos viciar.

Seu conteúdo de gordura trans e açúcar prejudica a capacidade de inibição da memória pelo hipocampo – leia mais aqui.

Isso faz com que o cérebro continue pensando em comida, mesmo quando estamos saciadas.

Por este motivo, somos facilmente “puxadas” para um ciclo vicioso, quando a compulsão alimentar pode virar uma obsessão.

Mas, de acordo com um novo estudo, sair deste vórtice também é fácil.

A pesquisa foi feita pela Universidade de Sydney (Austrália).

Nela, os cientistas se perguntaram como alguém poderia combater hábitos alimentares pouco saudáveis.

Eles estavam curiosos para descobrir como sinais externos, como outdoors e comerciais, afetam nossas decisões sobre onde, o quê e quanto comer.

Afinal, como o nosso ambiente molda a forma como comemos?

Sabemos que os padrões alimentares não são necessariamente ditados pela regulação consciente do peso e pelas preocupações de saúde.

Na decisão do que comer também entram as sugestões externas, que moldam e perpetuam certos hábitos alimentares.

A fim de descobrir estratégias úteis contra a obesidade e a síndrome metabólica, foi realizada uma série de experimentos com cobaias.

Como resultado, o ambiente onde altos teores de gordura e açúcar foram rotineiramente consumidos induziu a perda da capacidade de fazer escolhas conscientes com base no valor nutricional dos alimentos.

Mas o estudo também mostrou que os animais poderiam ser facilmente retirados deste “transe”.

No primeiro experimento, os animais foram expostos repetidamente a ambientes de junk food ou comida saudável.

Em seguida, todos foram alimentados.

Uma vez saciados, foram colocados de volta nos mesmos ambientes.

Este primeiro experimento mostrou que um ambiente de junk food levou as cobaias a exibir um comportamento mais habitual do que em um ambiente de comida saudável.

Num segundo experimento, os ratos foram submetidos aos mesmos procedimentos.

Só que, desta vez, distintas pistas sonoras foram tocadas sempre que os ratos eram colocados em contextos de junk food ou comida saudável.

O recurso criou “gatilhos” específicos associadas a cada tipo de alimento.

Assim, a sugestão sonora tocada no contexto saudável melhorou a sensibilidade à desvalorização dos alimentos.

Isso foi provado quando, após terem sido alimentados, os ratos foram recolocados no contexto de junk food.

Um efeito sonoro emparelhado com alimentos saudáveis foi tudo que precisou para tirar os animais do comportamento habitual.

E para trazê-los de volta ao controle consciente.

A ideia de que controlamos como, quando e o que comemos assume (erroneamente) que somos capazes de sempre tomar decisões saudáveis.

Mas nossas melhores intenções podem ser corrompidas por um fluxo constante de informações sensoriais.

Se a natureza frequentemente habitual observada em ratos for a mesma das pessoas, este estudo oferece insights encorajadores.

Os pesquisadores sugerem o uso de intervenções simples, tais como lembretes de como alguns alimentos são insalubres.

Ou interromper o processamento automático das sugestões da junk food – como evitar um caminho com outdoors que anunciam a opção.

Aparentemente, a solução é criar nossas próprias sugestões preventivas, que possam ativar as escolhas saudáveis.

E nos tirar do ciclo vicioso que nos parece tão natural quanto nocivo.

O estudo foi publicado no periódico científico Frontiers in Behavioral Neuroscience.

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