Riqueza da nação

A diversidade do nosso povo impressiona. Quanto maior sua visibilidade, mais força conquistamos como nação. Agora, um projeto revela a nossa biodiversidade, disponibilizando dados dos alimentos brasileiros.

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O título desta matéria parece ufanista apenas pelo timing.

Aqui a referência é a obra “Riqueza das Nações”, um clássico de Adam Smith e cânone da Economia.

Exatamente porque acostumamos falar da biodiversidade pelo seu viés mercantilista.

Uma abordagem que, a meu ver, mais afasta que aproxima.

O que começa a ser corrigido pelo lançamento de um importante projeto do governo federal.

Trata-se do Banco de Dados de Composição Nutricional da Biodiversidade – veja aqui.

O site permite consultar informações sobre o valor nutricional de mais de 150 alimentos nativos.

Lá estão os já populares açaí, umbu, pequi e pimenta rosa, por exemplo.

Se o assunto interessa, você pode consultar sobre a marupi, pimenta que só existe na região amazônica.

E por aí vai, já que a internet permite descobrir produtores e receitas.

Tamanho trabalho pode levar ao desenvolvimento de uma culinária renovada e identificada com nossa cultura.

A ferramenta prevê constantes atualizações.

Serão inseridos gradualmente dados de vitaminas e minerais de mais de 70 espécies nativas.

O trabalho envolve não apenas pesquisa, mas também análises laboratoriais.

Até agora, participaram cem pesquisadores das universidades federais e estaduais e institutos de pesquisa.

Aguardo com ansiedade as prometidas mais de 300 receitas culinárias.

O projeto é fruto da BFN (sigla para Biodiversity for Food and Nutrition).

Esta é uma iniciativa internacional, que reúne quatro países: Brasil, Quênia, Sri Lanka e Turquia.

O objetivo é despertar a sociedade para os benefícios do uso sustentável da biodiversidade na alimentação.

Os alimentos da biodiversidade são ricos em micronutrientes e têm baixa densidade calórica.

E são poderosíssimos.

O camu-camu possui mais de 35 vezes a vitamina C encontrada na laranja.

O buriti tem quase o dobro de vitamina A de uma cenoura.

Já o babaçu aporta 20 vezes mais ferro que a farinha de trigo.

São inúmeros os exemplos.

Com esta variedade, os governos investem para inverter a tendência de simplificação da dieta.

Sem isso, populações inteiras vão recorrer àquela bolacha recheada, comprada muito barato na esquina.

Locais onde há abundância de comida que não nutre são chamados “desertos alimentícios” – leia mais aqui.

O conhecimento dos alimentos locais pode combater a má nutrição.

E colaborar no controle da pandemia de obesidade.

Em um mundo mais solidário que se pretende, a colaboração entre os povos deve ser com certeza a maior riqueza.

Neste sentido, o Brasil revelou enorme saldo.

Além da quantidade, alimentos brasileiros oferecem diversidade dos nutrientes

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