Rindo de quê?

Tem coisas que não questionamos, mas deveríamos. Ainda mais quando estão relacionados ao hábito mais popular atualmente, que são as selfies. Afinal, por que temos o hábito de sorrir em fotografias? Estudo traz a explicação.

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O sorriso é um reflexo biológico.

E tudo começa quando ainda somos bebês, que praticam o sorriso como investigação das expressões do corpo.

Mas quanto a sorrir diante de uma câmera, trata-se de um hábito que desenvolvemos ao longo da vida.

Historiadores alegam que o sorriso diante das lentes não só é um costume recente como igualmente artificial.

Impulsionado pela indústria fotográfica e abraçado pela civilização ocidental, que cultua a busca pela felicidade a todo custo.

Em nenhum outro lugar é tão fácil comprovar estas alegações quanto no estudo feito em parceria entre as universidades da Califórnia em Berkeley e Brown.

Nele, os pesquisadores analisaram 37 mil Livros do Ano (os chamados “Yearbooks” publicados nas formaturas do ensino fundamental, nos Estados Unidos), de 1905 a 2013.

sorrisos

Em todos foi observada a profundidade do sorriso de cada retratado, quando foi calculada a geometria das bocas e sua progressão ao longo do tempo.

Como pode ser observado nesta imagem, os estudantes dos anos 1910 não sorriam muito.

O gráfico produzido a partir de suas expressões mostra ângulos dos lábios perto de zero.

Historicamente, foi a partir do fim da Segunda Guerra que os sorrisos começaram a ilustrar os cliques.

A pesquisa revela que, comparados aos homens dos anos 1950, eles continuam a sorrir com a mesma intensidade.

Já as mulheres, hoje, sorriem como nunca.

No finado século 20, a felicidade substituiu a seriedade como padrão vigente da emoção fotogênica.
Mas, como isso foi acontecer?

Um das explicações mais corriqueiras é a de que, no início, era preciso ficar muito tempo parado diante da câmera, por vários minutos, durante os quais era mais fácil manter uma expressão neutra.

Mas até no final dos anos 1800, quando a tecnologia havia evoluído e abreviado esta espera, as pessoas mantinham-se sérias ou, até mesmo, tristes nas fotos.

A historiadora Christina Kotchemidova argumenta que as pessoas eram motivadas por padrões culturais, mais que por sua espontaneidade.

Códigos de etiqueta do passado vaticinavam que a boca deveria ser controlada cuidadosamente, os padrões estéticos valorizavam bocas pequenas.

Assim, sorrisos expansivos eram considerados coisa de gente tola e infantil.

Nas pinturas, sorrisos eram sempre retratados nos rostos de pedestres, bêbados e crianças.

A chegada das câmeras fotográficas mudou o modo como as pessoas se retratavam.

Para mudar o modo de como as pessoas se viam, a americana Eastman Kodak, pioneira que detinha quase o monopólio do mercado, começou a investir pesado em publicidade, nos anos 1910.

A ideia foi unir o hábito da fotografia ao registro de momentos felizes.

A partir daí, sorrir virou uma forte imagem comercial, aplicada a todas as categorias de produtos.

Nos anos 1920, anunciantes mostravam modelos sorridentes para vender desde sopa em lata a carros.

A prática é utilizada até hoje.

Nos anos 1950, até os presidentes estavam sorrindo em fotos oficiais.

Hoje achamos graça em caras carrancudas, expressões nulas ou de prepotência das fotos consideradas vintage.

Por isso é difícil imaginar que há 100 anos, ridículo era o sorriso.

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