Quem inventou o tomate cereja?

Estas deliciosas bolinhas de tomates em miniatura com sabor adocicado são indispensáveis em uma salada que se preze. Há 50 anos, nunca se ouviu falar deles. Agora, estão por toda parte. Afinal de onde surgiram os tomate cereja? 

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Já existiram mais de 200 espécies no mundo.

Hoje, acabamos por conviver com três ou quatro tipos de tomate.

Por motivos econômicos, poucas espécies foram escolhidas para ganhar espaço nas feiras e prateleiras.

Seja pela aparência ou durabilidade, a indústria elegeu o caqui, o italiano, o Carmen, o Débora e o holandês.

Assim, quando surgiram os tomates cereja, a novidade suplantou a desconfiança.

E ninguém nunca se perguntou qual seria sua origem.

Incorporado ao cotidiano de nossas receitas, sua história permaneceria obscura.

Isso se não fosse um avião atrasado no aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.

Foi aguardando seu voo que a pesquisadora Anna Wexler leu com atenção um folheto que promovia Israel.

Tanto como destino turístico, como terra de inovações.

Entre elas, o governo reivindicava a autoria do tomate cereja como resultado do avanço de sua pesquisa agrícola.

A estratégia é vender o país como um grande centro mundial de desenvolvimento tecnológico.

Mas Anna sabia que o tomate é originário da América (na verdade, Peru e Equador).

E se perguntou se as reivindicações de Israel poderiam ser verdade.

O resultado de sua investigação é o estudo Seeding Controversy: Did Israel Invent the Cherry Tomato?

Em português, seria algo como “Plantando a discórdia: foi Israel quem inventou o tomate cereja?”.

A obra foi publicada na revista científica Gastronomica: The Journal of Critical Food Studies.

Nela, descobrimos a origem da confusão.

A verdade é que esse tipo de tomate crescia de modo espontâneo nos quintais.

Mas não era comercializado porque tinha curta vida útil.

Isso mudou nos anos 1970.

Foi quando a Universidade Hebraica de Jerusalém desenvolveu uma espécie mais resistente ao clima da região.

Ou seja, Israel não criou o tomate cereja, mas sim uma versão economicamente viável.

O ufanismo do governo, somado à publicidade, promoveu uma nova versão para a origem da iguaria.

Hoje em dia, a autoria pelo tomate cereja tornou-se um poderoso elemento da autoimagem dos israelenses.

Por este motivo, Anna Wexler sugere não questionar a veracidade da história.

Eles podem ficar chateados.

E pode muito bem ser verdade.

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