Planeta das galinhas

E aconteceu. Estudo revela como o frango se tornou a carne mais popular do mundo. As aves somam agora a maioria absoluta dos animais criados para nos alimentar.

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Nos países mais desenvolvidos, o consumo de carne suína e carne bovina permanece inalterado desde 1990.

Já o de frango cresceu 70%.

A preferência pelas penosas levou o número de aves para 23 bilhões dos 30 bilhões de animais que vivem em fazendas.

Os detalhes deste consumo aparecem em um estudo da Universidade de Leicester (Inglaterra).

Fatos como o de que o número de galinhas em granjas hoje excede todas as outras aves do planeta – juntas.

Um dos fatores que levaram a esta explosão é a reputação saudável do frango.

Nos anos 1980, os médicos alertaram para altos níveis de gordura saturada em carnes bovina e suína, que aumentava o risco de doenças cardíacas.

Desde então, os temores mudaram.

Novas evidências sugerem que a carne vermelha pode aumentar as chances das pessoas de contrair câncer de cólon.

Em contraste, a imagem das aves como uma carne saudável sobrevive incólume.

Outro fator é o preço, já que a carne de frango ficou mais barata.

E isso se deveu à mudança no modo de produção.

Na década de 1940, os Estados Unidos lançaram uma série de competições para criadores, chamada “Chicken of Tomorrow” (“A galinha do futuro”).

O resultado foi algo nos moldes do frango como o vemos hoje.

Um estudo citado documentou essa mudança, comparando galinhas criadas em 1957, 1978 e 2005.

Aos 56 dias de vida as aves tinham, respectivamente, pesos médios de 0,9 kg, 1,8 kg e 4,2 kg.

Nas espécies modernas, o corpo não se sustenta.

Os frangos de corte têm músculos do peito que são grandes demais para sustentar seus ossos, fazendo com que os animais andem com dificuldade.

Este novo morfotipo simboliza uma reconfiguração humana sem precedentes da biosfera da Terra.

Há mais: hoje, são necessários 1,3 kg de grãos para produzir 1 kg de frango.

Em 1985, eram precisos 2,5 kg destes grãos para produzir o mesmo quilo de frango.

O uso de antibióticos dispensou cuidados com o bem-estar e higiene das aves, que passaram a ser amontoadas.

Pássaros criados em viveiros lotados não se movem muito e, portanto, precisam de menos para comer.

Estas condições degradantes revoltam grande número de consumidores, que ditam alterações no produto.

Por ser tão acessível, mais pessoas estão dispostos a pagar mais pela carne em melhores condições.

Assim, crescem as vendas de galinhas caipiras e orgânicas, com acesso ao ar livre

Na Grã-Bretanha, as vendas de ovos caipiras superaram as de granjas tradicionais.

A partir de 2015, empresas americanas como McDonald’s, Burger King e Walmart vão parar de comprar ovos de frango criados em gaiolas.

Infelizmente, estes gestos não podem mudar muito o cenário.

Embora um número maior de pessoas possa estar disposto a pagar mais por produtos orgânicos, a maioria ainda prefere o que for mais barato.

E, apesar do crescente interesse no veganismo, há pouca evidência de que sejam muitos os que estão se tornando herbívoros.

A verdade é que as pessoas podem flertar com dietas baseadas em vegetais.

Mas o que elas realmente gostam mesmo é de galinha.

O estudo foi publicado na revista Royal Society Open Science.

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