O risco dos maus hábitos

Antes de pensar na queda do PIB, poderíamos pensar à quantas anda a nossa “PIBE”: (Propensão Individual ao Bem-Estar). Leia meu artigo, que foi publicado originalmente na revista Veja.

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“As condutas, assim como as doenças, são contagiosas”, assinalou o filósofo britânico Francis Bacon no século XVI.

O mesmo Bacon que inspirou Donald Trump a dizer que “um tratamento não pode gerar efeitos piores do que a própria doença”.

Trump referia-se a Economia, antes de ter certeza que o isolamento social seria a única maneira de conter o avanço da pandemia nos EUA.

Seu pensamento acabou em descrédito, mas a frase filosófica que abre esse artigo permanece atual como nunca.

A vida saudável entrou em lockdown, e com ela a vontade de manter o corpo em movimento.

Academias fecharam, parques foram cercados e grupos de corrida foram desfeitos.

Nas redes sociais, vejo muitos perfis de pessoas saudáveis, e até mesmo de influenciadoras fitness, trocando cenas de treino e corrida por imagens de sofá, cobertor, bolo de cenoura e vinho.

Em poucas semanas ganhamos motivos de sobra para ficarmos mais tristes, ansiosos, deprimidos e indulgentes.

A sensação é que o mundo inteiro encontrou a desculpa perfeita para relaxar nos cuidados com o corpo.

Mas será que precisava ser assim?

O fato é que os maus exemplos de conduta, propagados pelas redes sociais, geram um tipo de contágio cuja distância social não previne: a propagação dos maus hábitos.

Infelizmente, pouca gente procura alternativas, ou se questiona, sobre o que pode ser feito para preservar o bem-estar físico nesses tempos de pandemia.

Para mim, até hoje não está claro qual o risco de praticarmos caminhada na rua protegidos por máscara, sem tocar em nada, e mantendo distância segura de outras pessoas.

Hoje cada pais define suas regras de circulação fora de casa.

Muitos, como França e Inglaterra, permitem a caminhada esportiva individual ou com animais de estimação, na vizinhança, contanto que a distância social seja respeitada.

Outros como a Espanha, no auge da Epidemia, multavam mesmo os corredores solitários em 601 euros.

Nova York também não permitiu treino externo de modo algum.

Ainda que estejamos diante de uma enorme ameaça à saúde pública, não podemos ignorar o fato de que a falta de atividade física, combinada com maus hábitos alimentares, abre caminho para diversas doenças, inclusive a depressão.

E quando estamos prostrados, ou simplesmente de baixo astral, a vontade de zelar pelo nosso corpo cai consideravelmente, o que alimenta uma espiral negativa de desanimo, letargia, abatimento, stress e melancolia.

Hoje já se sabe que caminhar a 4 km por hora não coloca ninguém em risco que estiver além de um raio de 5 metros de distância.

Pensando que o afastamento social pode durar ainda alguns meses, não caberia uma discussão aprofundada sobre como regular a prática de atividade física durante a quarentena?

Será que os parques públicos não poderiam permitir a entrada limitada de praticantes de caminhada, contanto que respeitassem uma distância segura umas das outras, tal como é feito em supermercados e farmácias?

Cartas à redação.

Este texto foi originalmente publicado na revista Veja.

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