O peso da ignorância

A não ser em relação às pessoas ao redor, não sabemos muito sobre os números da obesidade. E, desta forma, ignoramos seus riscos à saúde, acreditando tratar-se de um problema distante ou que só acontece com os outros. Isso faz o Brasil ser um dos países mais ignorantes do mundo.

Leia mais:

Rotina exemplar – Como é o dia das mentes mais brilhantes
Meu pulo do gato – Perdi 60 quilos ao reinventar meu cotidiano

Chamar alguém de ignorante não é exatamente uma ofensa, em termos.

Trata-se da constatação de que aquela pessoa ignora os fatos sobre o assunto em questão.

Para uma melhor definição, ignorância é escolher não saber.

Seja por motivos como a desigual distribuição de renda e nível educacional, ou por escolha própria, no caso de nossa população, o estado de ignorância é bem abrangente.

Isso porque, segundo pesquisa realizada pelo instituto Ipsos, revelamos grande desconhecimento em relação a um problema que nos cerca (muitas vezes, literalmente): a obesidade.

A empresa realizou um questionário com com 25.556 participantes em 33 países.

O objetivo foi averiguar o quanto seus povos estavam cientes dos problemas mais comuns, como as questões relacionadas à saúde pública, por exemplo.

Batizada Perigos da Percepção, a pesquisa continha 10 perguntas.

Quando questionados sobre quantas pessoas estavam acima do peso em seu país, cidadãos da Índia, Japão e China superestimaram a conta.

Na Índia, o “chute” foi 41%, mas a realidade é que são 20%.

No Japão, a média estimada foi de 32%, contra a realidade de 23% (China: 34% e 28%).

No Brasil, estamos mais conscientes, “chutando” 47%, quando a realidade são 56% – uma diferença de 9%.

Nos casos mais extremos, misturam-se tanto países economicamente mais evoluídos como civilizações do Terceiro Mundo.

Na Arábia Saudita, os moradores acham que apenas 28% da população local encontram-se mais cheinhos, mas a verdade é que os sauditas preferem nâo ver que 77% de todos ao seu redor estão gordos ou obesos.

Na Inglaterra, os moradores acham que são 44% acima do peso, quando são 64%.

Isso nos faz pensar sobre como podemos escolher não saber do que nos assusta e do que queremos distância.

O argumento é corroborado pela percepção que temos dos imigrantes.

Na Argentina, os locais acham que 30% da população nacional é composta por pessoas de outras nacionalidades, quando o número é de apenas 5%.

No Brasil, achamos que são 25%, quando são apenas 0,3%.

Com as respostas da pesquisa foi criado o Ranking da Ignorância.

Fico triste em compartilhar que estamos em terceiro lugar, atrás de México e Índia.

No ano passado, com apenas 14 países pesquisados, o pódio foi de Itália, Estados Unidos e Coreia do Sul.

Tags: , , ,