O culpado de sempre?

Elegemos o fast food como inimigo número um de quem luta contra o peso.  Mas ele pode não ser o único culpado. Estudo afirma que estamos consumindo mais calorias, mas de todos os alimentos – e não apenas de uma categoria.

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No Brasil, estudo publicado na revista científica Lancet mostra que um quinto da população adulta, ou quase 30 milhões de pessoas, é obesa.

O número é maior entre as mulheres: 23% delas, ou 18 milhões, eram obesas em 2014.

Entre os homens, o índice é de 17% (11,9 milhões).

Os números colocam o Brasil entre os países mais obesos do mundo.

Entre os homens, só fica atrás de China e EUA; entre as mulheres o Brasil fica em 5º, atrás também de Rússia e Índia.

São consideradas obesas, de acordo com a pesquisa, pessoas que tem o IMC (índice de massa corporal) acima de 30 – clique aqui e calcule o seu.

Diante dos números, que se repetem em escala global, os cientistas não chegam a um consenso sobre o que nos trouxe até aqui.

E, muitas vezes, as respostas às quais chegam revelam-se erradas.

Considere a mudança em relação à gordura alimentar e, anteriormente, em relação ao consumo de ovos.

Até agora, acreditava-se mais que estabelecida a ligação entre a epidemia global de obesidade e o consumo de alimentos altamente calóricos e de baixa nutrição como refrigerantes, bolachas e batatas fritas.

Mas, como mostra um estudo da Universidade de Cornell (Estados Unidos), os pesquisadores ainda estão testando os mecanismos desta conexão.

A pesquisa analisou dados de cinco mil pessoas, incluindo peso e hábitos alimentares.

Mas resolveu descartar as informações dos extremos, de pessoas subnutridas e morbidamente obesas.

Uma vez que estes grupos foram eliminados, não foi encontrada nenhuma associação entre Índice de Massa Corporal (IMC) e a quantidade de fast food e refrigerantes consumida.

Não é possível desprezar a informação, já que os grupos restantes representam 95% dos habitantes daquele país.

Mas, se a origem da epidemia de obesidade não é o fast food, o que a está provocando?

Segundo o professor David Just (Universidade de Cornell), a suspeita é que estamos consumindo mais calorias, mas de todos os alimentos que ingerimos.

Ele aponta dados do Serviço de Pesquisa Econômica, que mostram que os americanos consomem 500 calorias a mais por dia que nos anos 1970, antes da escalada dos números da obesidade.

O professor Just deixa claro que não está dizendo que você pode comer todo o junk food que quiser sem enfrentar nenhuma consequência.

“Se você aumenta o seu consumo destes alimentos, estará sim ganhando peso”, declarou ao site NPR.

“Mas isso não quer dizer que o fast food é o elemento diferenciador entre aqueles que estão acima do peso e aqueles que não são”.

Se assim o for, ao invés de marcar as comidas de lanchonetes rápidas e os alimentos ultraprocessados como alvo prioritário, talvez seja melhor enfatizar a moderação e o controle do tamanho das porções de todos os alimentos.

Daí, o problema passa a ser outro.

O entendimento do que é moderado e a variação encontrada no tamanho de porções levam a outro problema, que é o exagero despercebido no consumo de calorias.

Para saber mais sobre este assunto – clique aqui.

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