Milhagem no paladar

Comer nas alturas é complicado. Baseado na experiência de já ter degustado mais de 400 refeições a bordo, especialista revela quais as melhores e piores pedidas a 35 mil pés de altitude.

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Já faz tempo que não vemos os lendários Lockheed Constellation rasgarem os céus.

E em agosto de 2016 foi anunciada pela British Airlines a retirada dos Jumbos 747 da rota entre São Paulo e Londres.

A Air France já aposentou em definitivo o modelo.

O que tinham em comum estes aviões, que marcaram momentos distintos da aviação civil?

O espaço interno, que permitia um capricho maior no preparo das refeições de bordo.

Hoje resumidas a misteriosos preparos ou meras barrinhas de cereais, junto com a queda na qualidade do serviço não vemos uma justa redução do preço da passagem.

Muito pelo contrário, infelizmente.

Não se pode negar que a visão dos trolleys vindo pelo corredor corresponde a uma importante parte da viagem.

É a isso que se dedica Nikos Loukas, criador do site InFlight Feed, especializado em comida de avião.

Há 5 anos voando para todos os destinos globais, ele já experimentou mais de 400 refeições nas alturas.

O que, embora pareça tentador, não é nada fácil.

Já vimos como a altitude afeta as papilas gustativas e a percepção do paladar – clique aqui para saber mais.

Por este motivo, as dicas deste australiano são valiosas para não embarcarmos em experiências ruins a bordo.

Afinal, o saco para enjoo não está em cada poltrona por acaso.

Escolha certa: curry

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A primeira dica de Nikos Louka é um prato à prova de enganos, o curry.

Este frango ensopado, feito com o tempero indiano de mesmo nome, tem sabor forte o suficiente para manter-se vivo mesmo para paladares afetados pela altura.

Se estiver no menu, peça-o.

Aposta segura: sorvete

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Para o especialista, sorvete é sempre bom.

Seu sabor é o mesmo na altitude que ao nível do mar.

Mas, infelizmente, não é servido quase nunca – fica a dica.

Evite dar trabalho ao estômago

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Evite alimentos que normalmente dão trabalho ao sistema digestivo, como feijão.

Para combater o inchaço, que às vezes voar provoca, fique longe de produtos de panificação carregados de carboidratos.

Nestes casos, o melhor é focar nas saladas, frutas frescas e tomar muita água.

Amea-a ou deixe-a: carne

Amea-a ou deixe-a: carne

Preferência da maioria e item que sempre falta para as últimas poltronas, a carne é uma aposta – no sentido literal da palavra.

Se sua escolha é ou não acertada, realmente só depende da forma como foi preparada e o jeito que foi manipulada até chegar à sua mesinha.

Frutos do mar: questão de classe

Frutos do mar: questão de classe

Frutos do mar são também uma aposta.

Se estiverem cozidos demais, não haverá nenhuma maneira de salvar a escolha.

De acordo com Loukas, a opção é normalmente “decente” nas áreas mais prestigiadas do avião.

“A maioria de frutos do mar com que me deparei tem sido geralmente muito boa, mas eu tenho a sorte de estar em cabines premium”.

Peça upgrade quando for possível

Peça upgrade quando for possível

Estar na classe econômica não significa estar preso aos limites gastronômicos desta tarifa.

Quando a companhia oferecer a condição, não hesite em solicitar um upgrade da refeição.

“Não será a refeição da classe executiva, mas é algo que ganhou um upgrade, ou seja, trata-se de um melhor nível de alimentos de qualidade, muito mais bem pensado”.

Confie nos seus instintos

Confie nos seus instintos

Em inglês, a expressão faz mais sentido: “go with your gut”.

Na língua de Shakespeare, a confiança se dá no intestino (“gut”), órgão diretamente ligado à questão.

Para nós, as palavras são escritas de maneira parecida, e o sentido é o mesmo: acima de tudo, siga seu instinto.

“Se a comida não parece muito boa, talvez seja melhor não comê-la”.

“Há refrigeração na aeronave, mas nunca se sabe”.

Todas as fotos que ilustram esta matéria foram tiradas por Nikos Louka.

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