Mais “obrigado”, por favor

Ficou famosa a frase “mais amor por favor”. Porém, talvez devamos começar pelo básico. Estudo revela como agradecemos cada vez menos.

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Os tempos estão difíceis.

Mas as pessoas podem ser mais rudes do que se poderia esperar.

A revelação vem de estudo das universidades de Quito (Equador), Helsinki (Finlândia), Macquarie (Austrália), York (Reino Unido) e Max Planck Institute (Holanda).

Nele, foram analisadas 1.057 conversas cotidianas.

Elas foram gravadas na casa de voluntários em cinco continentes, usando oito idiomas.

Como resultado, em média as pessoas disseram “obrigado” apenas uma em 20 vezes nas interações com familiares e amigos.

As pessoas que falam inglês tendem a ser as mais “educadas”, agradecendo em 14,5% do tempo.

Os italianos ficaram logo atrás, com 13,5%.

Mas em outros países foi muito menor.

Poloneses agradecem apenas 2% do tempo.

Os mais ingratos são as pessoas que falam a língua siwu (Gana).

Lá, usa-se “obrigado” ou frase semelhante em 0,8% do tempo das conversas.

A média global foi de míseros 5,5%.

É triste constatar que essas expressões acabam sendo muito raras entre amigos, familiares e vizinhos.

Isso se torna ainda pior entre desconhecidos e antagonistas, é claro.

Somos um planeta de gente grosseira?

Os pesquisadores disseram que as descobertas não indicam isso necessariamente.

Na verdade, nos dizem sobre as tradições linguísticas.

Algumas línguas reservam o “obrigado” apenas para atos muito grandiosos, como salvar uma vida, por exemplo.

E, felizmente, as pessoas raramente notavam se não recebiam um agradecimento.

“Na interação cotidiana informal em todo o mundo, a norma geral é responder ao comportamento do outro sem explicitamente dizer obrigado, mas simplesmente continuando com as atividades”.

Com esta explicação, os pesquisadores tentam racionalizar a desconcertante descoberta.

Sei, agora, que é científico não notarmos um agradecimento cotidiano.

Entretanto, sinto que o coração registra sim a cortesia.

Por isso vale a pena exercitar a gentileza.

Mesmo (e principalmente) com quem nos suporta a vida toda.

O estudo foi publicado no periódico Royal Science Open Science.

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