Infração do peso

Infração do peso

Olhe para os lados. Duas vezes. Estudo americano descobre que pessoas com sobrepeso envolvem-se mais em acidentes – e do lado da vítima. O motivo surpreende, já que o risco é provocado pela impaciência.

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Especialistas em desenvolvimento infantil já sabem crianças obesas correm um risco maior de hipertensão arterial, níveis elevados de colesterol, diabetes e problemas nas articulações.

Agora, pesquisadores da Universidade de Iowa (Estados Unidos) estão somando uma outra preocupação para a lista: sinistros viários.

O nome assusta?

Pois assim também são chamados os atropelamentos de pedestres.

E não imagine que o motivo é a falta de agilidade.

O estudo, feito pelo Departamento de Ciências Psicológicas e do Cérebro da universidade americana, descobriu que as crianças com Índices de Massa Corporal (IMC) maiores eram mais impacientes e impulsivas.

Em simulações de tráfego, elas esperaram menos antes de cruzamento, respeitaram menor tempo e distância entre si e os carros que se aproximavam, e envolveram-se em mais colisões nas configurações experimentais.

A explicação, segundo Elizabeth O’Neal, uma das autoras do estudo, o peso extra acrescenta estresse nas articulações destas crianças, que comprometem sua segurança para acelerar o trecho em que devem caminhar.

Além disso, a obesidade em crianças está associada com déficits no funcionamento motor, que envolve qualquer tarefa que requer planejamento, organização, memória, gestão de tempo, ou pensamento flexível.

Os pesquisadores dizem que esse déficit poderia explicar por que os participantes com IMC mais elevados foram mais impulsivos ao atravessar a rua.

A professora O’Neal diz que o risco de acidentes representa um novo campo de pesquisas para especialistas em obesidade infantil.

“Esta é uma área de estudo bem promissora”, diz ela.

“Exatamente porque estamos no início. Achamos que há muito a ser feito, tanto epidemiologicamente e comportamentalmente”.

O interesse se justifica, já que as taxas de obesidade infantil dobraram globalmente nos últimos 30 anos.

A questão propõe um novo paradigma para a obesidade.

Tendemos a pensar a obesidade como prejudicial à saúde, mas não pensamos como a obesidade afeta a saúde na forma como nos comportamos.

O estudo foi publicado na revista científica Accident Analysis & Prevention.

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