Gordura que emagrece

Uma nova uma revisão de recomendação alimentar revê o foco no consumo de gorduras totais. Segundo cientistas espanhóis, aquelas presentes na dieta mediterrânea são bem-vindas, nos mantêm saudáveis e até ajudam a emagrecer.

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As intenções são sempre as melhores possíveis.

Mas a atualização constante de estudos conduz a mal entendidos sobre os limites de uma alimentação saudável.

O foco em dietas com baixas gorduras e a incapacidade de diferenciar gorduras saudáveis daquelas prejudiciais à saúde contribuem com a confusão.

É o que afirma um estudo da CIBER OBN-Universidade de Barcelona.

A pesquisa sugere que as atuais recomendações alimentares, que indicam menos gorduras e baixas calorias, criam temor desnecessário e desinformação.

Principalmente sobre as gorduras saudáveis.

Exatamente as mesmas presentes na chamada dieta mediterrânea, há muito conhecida pelos benefícios à longevidade, ao cérebro e ao sistema cardiovascular.

“Mais de 40 anos de políticas nutricionais advogaram por uma dieta de baixas gorduras, mas temos visto pouco ou nenhum efeito diante da epidemia de obesidade”, declarou o líder do estudo, Dr. Ramon Estruch.

“Nosso estudo mostra que a dieta mediterrânea, rica em gordura vegetal como azeite de oliva e nozes, teve pouco efeito no peso ou circunferência abdominal das pessoas, comparado a uma dieta de baixas gorduras”.

A pesquisa analisou 7.447 participantes (homens e mulheres), com idades entre 55 e 80 anos.

Todos tinham alto risco cardiovascular ou diabetes tipo2, e mais de 90% estavam com sobrepeso ou obesos.

Os voluntários foram divididos em três grupos.

O primeiro teve acesso a uma dieta mediterrânea sem restrições de calorias, rica em azeite de oliva.

O segundo seguiu as mesmas diretrizes, trocando o azeite por nozes.

O terceiro grupo encarou restrição severa de gorduras alimentares.

O período do estudo foi de longos sete anos (2003 a 2010).

A fidelidade às dietas foi boa e todos os participantes foram monitorados, por questionários e amostras de sangue e urina recolhidas aleatoriamente.

Em média, todos perderam peso.

Mas a maior perda foi entre os participantes do primeiro grupo.

De acordo com o Dr. Estruch, é preciso abandonar o mito de que alimentos de baixas gorduras levam a um menor ganho de peso.

Esta “ilusão” leva a políticas paradoxais que focam nas calorias totais, mais que na qualidade dos alimentos; e demonizam o leite integral, mas permitem bebidas com leite desnatado adoçadas com açúcar.

“O teor de gordura dos alimentos por si só não constitui uma métrica válida para avaliar os danos ou benefícios a longo prazo. Densidade de energia e conteúdo calórico total podem ser igualmente enganosos”.

Pelo que foi demonstrado, nem todas as gorduras estão proibidas.

E nem todas estão liberadas.

Os pesquisadores recomendam consumir mais calorias provenientes de frutas, nozes, legumes, feijão, peixe, iogurte, óleos vegetais ricos em fenólicos e grãos integrais minimamente processados.

E menos de alimentos altamente processados, ricos em amido, açúcar, sal ou gordura trans.

Pelo menos, até a serem revistos os mitos da alimentação – leia mais aqui.

Para esclarecer o que deve ou não fazer parte de sua dieta, consulte um nutricionista.

O estudo foi publicado no periódico científico The Lancet Diabetes & Endocrinology.

Este texto utilizou informações de matéria publicada no site Science Dailyleia na íntegra aqui (em inglês).

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