A falsidade dos rótulos

Imagine saber que na prateleira dos produtos light, mais da metade não corresponde ao que se imagina. Esta pista falsa nos faz consumir mais calorias, quando pensamos estar fazendo justamente o contrário.

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Rótulos de produtos que indicam baixo teor de gordura significam menos calorias ingeridas e, com isso, menos chance de engordar, certo?

Na verdade, não.

Um novo estudo, publicado na revista Appetite, descobriu que a maioria dos alimentos com baixo teor de gordura não têm menos calorias quanto o esperado.

Pesquisadores da Universidade de Toronto (Canadá) analizaram mais de 5.700 embalagens para descobrir que 61% dos produtos marcados como low-fat (baixo teor de gordura) não tinham redução significativa de calorias.

No estudo, foi considerada redução significativa aquela que significasse 25% menos calorias.

Ou seja, para o propósito de proporcionar perda de peso, igualavam-se às alternativas mais “gordas”.

Mas, como isso é possível?

Acontece porque, quando as indústrias retiram gordura dos produtos, precisam adicionar ingredientes que as substituam, para que não haja perda de sabor – e queda nas vendas.

Entre os ingredientes substitutos, acredite, usam até açúcar.

Isso significa dizer que muitos produtos low-fat têm até mais açúcar que as versões que chamamos de “normal”.

É aí que mora o problema: o mito de que menos gordura significam menos calorias está prejudicando seriamente os nossos esforços de perder peso.

Pesquisas anteriores mostram que a mera presença da palavra “baixo teor de gordura” em uma etiqueta pode fazer as pessoas comerem 50% a mais do alimento.

Já que estes produtos parecem mais “leves”, fica fácil imaginar que você pode servir-se de outra porção.

Basicamente, alimentos de baixo teor de gordura são um golpe duplo para a sua cintura.

Isso porque não só podem ter tantas ou mais calorias quanto as versões integrais, como podem também forçar você (inconscientemente) a comer mais.

Ou seja, devemos observar os detalhes da paisagem, e não apenas o todo.

O recado de Alyssa Schermel, co-autora do estudo e gerente do Laboratório L’Abbe na Universidade de Toronto, é: “leia o rótulo, e procure os alimentos com mais fibras e baixos teores de sódio e açúcar”.

“E também procure os alimentos que são menos processados”.

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