Escolhas saudáveis à vista

Chega de preguiça. E esqueça as compras online. Encontrar os produtos cara a cara, nos supermercados, conduz às melhores escolhas.

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Desertos alimentares – áreas com pouco acesso a opções saudáveis e economicamente acessíveis – são sempre considerados como um dos riscos à obesidade.

Isso porque, segundo a lógica, quando as pessoas não têm acesso a alternativas saudáveis de alimentos, com elas não poderá contar no prato.

Entretanto, pesquisadores questionam se a presença de um mercado pode realmente mudar a alimentação de seus vizinhos.

Seguindo política governamental, desde 2011 os Estados Unidos já gastaram milhões de dólares construindo mercados em regiões de “desertos alimentares”.

A informação vem de estudo publicado na revista Health Affairs.

Nele os pesquisadores ressaltam que, apesar deste vultoso investimento, existe uma falha no entendimento de que a presença de supermercados impacte a dieta (consequentemente a saúde) da vizinhança.

O estudo de caso voltou o foco para a cidade de Pittsburgh.

Em 2013 foi inaugurado um novo supermercado no bairro de Hill District, uma comunidade de baixa renda.

Há 30 anos o local não contava com um centro de compras que se comparasse a este.

O estudo comparou a situação à do bairro Homewood, que tem as mesmas características mas não recebeu um novo mercado.

Foram analisadas as dietas e o Índice de Massa Corporal (IMC) dos moradores dos dois bairros, bem como seus hábitos de consumo e percepção de acesso a alimentos saudáveis.

Os dados foram colhidos em duas datas distintas, com um ano de diferença entre elas.

De muitas maneiras, foram registradas melhorias para os moradores de Hill District.

Eles consumiram menos calorias provenientes de açúcar, gordura sólida e álcool.

E menos consumo de açúcar na forma “escondida”.

A percepção de acesso a alimentos saudáveis também aumentou enormemente.

A satisfação dos moradores com a vizinhança como lugar para viver, que era de 66% antes da inauguração do supermercado, chegou a 80%.

Ao mesmo tempo, não foi registrado aumento no consumo de frutas, vegetais e grãos integrais.

Nem melhorias quanto ao nível de obesidade da população.

O IMC dos moradores de Hill District também não teve mudança significativa.

No bairro de Homewoood, IMC, obesidade e números relacionados ao sobrepeso pioraram um pouco durante o mesmo período.

Com isso, a conclusão foi a de que as mudanças observadas na dieta não estavam diretamente relacionadas com o uso do supermercado.

Entretanto, a novidade fez com que mais pessoas circulassem pelo local, e que o assunto da alimentação saudável frequentasse mais as conversas entre os moradores.

Segundo uma das autoras do estudo, Tamara Dubowitz, é possível que este fator por si só tenha contribuído para o aumento da conscientização dos habitantes locais.

“É difícil ignorar o significativo aumento da satisfação geral dos vizinhos”.

“Estes elementos de esperança e investimento na comunidade podem, em última análise, serem traduzidos em conscientização sobre hábitos alimentares mais salutares”, complementa Tamara.

A recomendação do estudo é a de que investimento na construção de supermercados em áreas de “desertos alimentares” devem ser mantidos.

Mas os planejadores devem agir com cautela.

E fazer com que suas projeções sejam relacionadas a indicadores contínuos de impacto no IMC e hábitos de consumo e saúde.

A verdade é que ter contato com as opções de alimentação garante melhores perspectivas, em comparação à sua completa ausência ou à opção da compra à distância.

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