A dieta compete com seu treino?

O que você come pode estar roubando seus esforços na academia. Estudo revela que dieta rica em açúcar e processados muda a forma como o corpo responde ao exercício.

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Pessoas com níveis altos de açúcar no sangue obtém menos benefícios com exercícios do que aquelas cujos níveis são normais.

É o que revela um estudo do Joslin Diabetes Center (Estados Unidos).

Já sabemos que açúcar elevado no sangue não é saudável.

Pessoas com hiperglicemia tendem a ter excesso de peso e enfrentar maiores riscos de longo prazo para doenças cardíacas e diabetes tipo 2.

Elas também tendem a estar fora de forma.

Mas a maioria dos estudos anteriores foram epidemiológicos, o que significa que eles identificaram ligações entre as duas condições, mas não o motivo.

Faltou esclarecer se a hiperglicemia geralmente precede e leva à baixa aptidão física, ou o contrário, ou se uma das condições consegue influenciar a outra.

Então, para o novo estudo, os pesquisadores decidiram aumentar os níveis de açúcar no sangue em ratos de laboratório.

Os animais foram postos para fazer exercícios e toda sua atividade e marcadores biológicos foram monitorados.

Eles começaram com ratos adultos, trocando alguns alimentos normais por outros ricos em açúcar e gordura saturada, semelhante ao que muitos de nós comemos hoje em dia.

Esses animais ganharam peso rapidamente e desenvolveram níveis elevados de açúcar no sangue.

Os cientistas injetaram em outros ratos uma substância que reduz sua capacidade de produzir insulina, hormônio que ajuda a controlar o açúcar no sangue, semelhante a quando as pessoas têm certas formas de diabetes.

Essas cobaias não engordaram, mas seus níveis de açúcar no sangue aumentaram na mesma proporção que entre os ratos do grupo da dieta açucarada.

Outros animais permaneceram com sua ração normal, como grupo controle.

Após quatro meses, foi verificada a aptidão de cada rato medindo quanto tempo ele poderia correr em uma esteira antes da exaustão.

Numa roda na gaiola, cada animal correu à vontade pelas próximas seis semanas.

Em um mês e meio média, cada rato correu cerca de 480 quilômetros.

Mas nem todos obtiveram o mesmo nível de aptidão.

O grupo de controle correu por um período muito mais longo antes da exaustão; eles estavam muito mais em forma.

Mas os animais com alto nível de açúcar no sangue mostraram pouca melhora – sua forma aeróbica pouco havia mudado.

Curiosamente, sua resistência aos exercícios era a mesma, independentemente dos problemas de açúcar no sangue serem decorrentes de dieta ruim ou falta de insulina, e se eles estavam acima do peso ou mais magros.

Se tinham açúcar no sangue alto, seus corpos resistiam aos benefícios dos exercícios.

Para entender por quê, os cientistas examinaram o interior dos músculos.

E as condições encontradas foram reveladoras.

Os músculos dos animais de controle fervilhavam de novas fibras musculares saudáveis e uma rede de novos vasos sanguíneos transportando oxigênio e combustível extra para eles.

Mas os tecidos musculares dos animais com alto nível de açúcar no sangue exibiram novos depósitos de colágeno, uma substância rígida que obstruiu os vasos sanguíneos. impedindo os músculos de se adaptarem ao exercício.

O teste foi reproduzido com 24 pessoas jovens.

Da mesma maneira, aqueles com o pior controle de açúcar no sangue também tiveram a pior forma, e quando os cientistas examinaram microscopicamente seus tecidos musculares após o exercício, encontraram alta ativação de proteínas que podem inibir melhorias na aptidão aeróbica.

Os resultados de ratos e pessoas sugerem que “banhar constantemente seus tecidos com açúcar não é uma boa ideia” e pode reduzir quaisquer benefícios subsequentes dos exercícios.

Os ratos do grupo de controle comeram uma ração rica em carboidratos.

Então os carboidratos, por si só, não são necessariamente o problema; a qualidade da dieta é.

Principalmente, o estudo sugere que “dieta e exercícios devem ser considerados juntos” quando pensamos sobre como melhorar a saúde.

Outra coisa que o trabalho destaca é o valor do tempo e do esforço dedicado.

Afinal, os ratos hiperglicêmicos ganharam pouca resistência após semanas de exercícios, mas estavam começando a mostrar os primeiros sinais de melhor controle do açúcar no sangue.

Portanto, pode exigir tempo e determinação, mas o exercício pode eventualmente ajudar as pessoas com hiperglicemia a estabilizar o açúcar no sangue, e então começar a sentir sua condição física aumentar.

O estudo foi publicado na revista científica Nature Metabolism.

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