A desconexão do pensamento

O exagero passou dos limites. Estudo norte-americano descobriu que grudar os olhos nas telas dos gadgets está fazendo mudar o modo como organizamos o pensamento.

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Em números recentes, são 50 minutos o tempo médio que as pessoas dedicam às redes sociais e troca de mensagens.

Isso significa 6% de um dia útil.

É mais tempo que as pessoas dedicam a ler (19 minutos), fazer esportes ou exercícios (17 minutos) ou eventos sociais (quatro minutos).

E quase tanto tempo quanto usamos para atividades vitais, como  comer e beber (1,07 hora).

Acredite: o que parece bastante ainda pode ser pouco.

Os dados divulgados pelo Facebook incluem o próprio, Messenger e Instagram.

Mas deixa de fora o tempo que gastamos com o WhatsApp.

Com esta intensidade, toda relacionamento cobra seu preço.

Segundo estudo realizado pelo Tiltfactor Laboratory (Universidade de Dartmouth) e a Universidade Carnegie Mellon, o preço tem sido comprometer nossa capacidade de organizar o pensamento.

O uso quotidiano de plataformas digitais (smartphones, tablets e laptops) programou nossa atenção a focar em detalhes concretos de uma situação.

Com isso, desprezamos a interpretação abstrata e a capacidade de solucionar crises de modo mais criativo, que leve em consideração outras percepções, inclusive sensoriais.

A pesquisa investigou a capacidade de interpretar informações de mais de 300 voluntários, com idades entre 20 e 24 anos.

Todos tiveram que realizar testes, utilizando meios digitais e não-digitais.

A compreensão de texto e capacidade de solucionar problemas apresentou resultados diferentes, dependendo das plataformas utilizadas.

“Como têm nos alertado os psicólogos, os níveis de interpretação podem afetar nosso comportamento, principalmente em relação à a auto-estima e a busca por objetivos”, declarou um dos autores do estudo, o Dr. Geoff Kaufman.

“Por isso é fundamental reconhecer o papel que a digitalização da informação pode ter sobre este importante aspecto da cognição”, concluiu.

Até hoje, poucos estudos investigam como as ferramentas digitais afetam a nossa compreensão.

Conhecer este mecanismo vai ajudar a desenvolver softwares que reaproximem a  realidade virtual daquela onde existimos.

Só assim poderemos nos desfazer da ilusão de que podemos escolher viver na que escolhermos.

Este texto utilizou informações de matérias publicadas nos sites Science Daily e The New York Timesleia na íntegra aqui (em inglês).

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