Confusão natural nos rótulos

Confusão natural nos rótulos

As palavras como “natural” e “orgânico”, muito presentes nos rótulos, estão sob suspeita. Mais de 60% dos consumidores favorecem estes produtos, ainda que não exista consenso sobre a definição.

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A FDA (Food and Drug Administration) é o órgão do governo americano responsável por fiscalizar alimentos, cosméticos e remédios.

Por se tratar de um país com rigorosas legislação e fiscalização, suas decisões influenciam na decisão de consumo em todo o mundo.

Mas, até hoje, a FDA não se posicionou sobre o que significa um alimento “natural”.

Mesmo com a ausência de definição, o FDA não faz objeção que o termo seja usado se “nada artificial ou sintético (incluindo todos os aditivos de cor, independentemente da fonte) tiver sido incluído ou tiver sido adicionado a um alimento que normalmente não seria esperado nesse alimento”.

Com esta “brecha”, a indústria de alimentos processados usa e abusa da expressão nos rótulos de seus produtos.

Estrategicamente, produtos “naturais” são colocados próximos à seção de orgânicos, atraindo a atenção dos consumidores que buscam alimentos saudáveis, sem o custo e a regulamentação de um rótulo orgânico.

De acordo com dados da empresa de pesquisa de mercado Nielsen, estas frases ajudaram a indústria de alimentos a vender mais de 377 bilhões dólares de produtos alimentícios nos Estados Unidos em 2014.

Segundo uma pesquisa feita pela consultoria Consumer Reports, 62% das pessoas favorece esta categoria acreditando estar livre de ingredientes artificiais, aditivos químicos, pesticidas e organismos geneticamente modificados.

Assim, encontramos no supermercado até snacks ultraprocessados com o rótulo “natural”.

Inclusive em presunto e queijo que, já vimos, em alguns casos contém quase 10% de celulose.

Para decidir de uma vez por todas o que o termo representa, a FDA abriu consulta pública à população.

O período de comentários foi encerrado em 26 de maio/2016 o pronunciamento oficial é esperado para breve.

Não deveria haver ruído no entendimento do que é ou não um alimento “natural”.

Basicamente, se passou por algum processo, até mesmo de embalagem, não há como assegurar que algo seja natural, como sinônimo de uma coisa íntegra e com características nutricionais mantidas originais.

Já vimos que, se reduzirmos o consumo de alimentos ultraprocessados, poderíamos facilmente cortar uma grande quantidade de açúcar escondido da dieta.

As informações existem, e só é possível confundir-se por ignorar os fatos.

Ou não querer saber deles, o que caracteriza um conveniente e perigoso estado de negação.

Para não correr risco, corte as batatas fritas e snacks que, mesmo sem corantes, não conseguem suplantar alternativas como crudités ou chips de vegetais como abobrinha – confira aqui a receita.

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