Amargo regresso

Eles estão de volta aos escândalos. Novamente, cientistas desmascaram estudo pago pela indústria de alimentos para desacreditar recomendações de consumo de açúcar.

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O negócio envolve muito dinheiro.

E sempre envolverá.

Afinal, a indústria de alimentos tem como demanda nossa necessidade de sobreviver enquanto espécie.

Neste cenário, muitas vezes a ética também ganha um preço.

Em 2016 vimos que a indústria do açúcar pagou a cientistas para mentir sobre os malefícios de seu produto – leia mais aqui.

Agora, um novo estudo que tenta desacreditar a recomendação de consumirmos menos açúcar foi desmascarado.

A notícia foi dada pelo The New York Times.

A suspeita é que o trabalho acadêmico foi pago pelo mesmo lobby.

Segundo o referido estudo, as advertências para cortar o açúcar baseiam-se em evidência fraca e não podem ser confiáveis.

Depois de publicado no periódico científico The Annals of Internal Medicine, chamou a atenção.

Não apenas pelo polêmico ponto de vista, mas por sua autoria.

Afinal, o estudo havia sido feito pelo International Life Sciences Institute (Estados Unidos).

O problema é que a entidade é financiada por multinacionais do segmento.

Indústrias como Coca-Cola, General Mills, Hershey’s, Kellogg’s, Kraft Foods e Monsanto.

E mais.

Um dos autores é membro do conselho científico da Tate & Lyle, fornecedor global de xarope de milho de alta frutose.

Como explanado no jornal, trata-se de tática muitas vezes empregada pela indústria do tabaco.

Durante décadas, os fabricantes de cigarros recrutaram cientistas para levantarem dúvidas sobre os riscos do tabagismo.

Aparentemente, esta última manobra foi uma reação às recentes ações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No ano passado, o OMS recomendou restrição de açúcar (exceto frutas, legumes e leite) a 10% das calorias diárias.

O certo é que, seja reduzir em muito ou pouco, reduzir sua ingestão é consenso.

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