A incrível livraria sem livros

Paris festeja reabertura de livraria histórica, em mesmo endereço no Quartier Latin. Mas, repaginada pela tecnologia de ponta e voltada a novo perfil de público, não tem nenhum livro nas prateleiras. E agora?

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Imagine depois de todos estes anos encontrar reaberto o Mappin, na praça Ramos, inteiramente renovado.

Mas sem nenhuma mercadoria exposta em suas vitrines.

Esta tem sido a sensação de quem caminha pelo Quartier Latin, ao deparar-se com a livraria da PUF – Presses Universitaires de France.

Reaberta no mesmo endereço onde foi inaugurada, em 1921, a La Puf (como é mais conhecida) volta aos negócios com nenhum livro nas estantes.

E quase estante alguma.

Fora a fachada, nada mais lembra o ambiente que já foi um monumento da vida parisiense, frequentado por alunos e professores da Sorbonne.

Tudo graças à forma como o acervo de 5.000 títulos próprios é disponibilizado para os novos frequentadores.

A livraria é a primeira da Europa a contar com uma Espresso Book Machine.

Esta máquina, fabricada pela americana On Demand Books, imprime um livro a cada cinco minutos.

O que a diferencia de suas antecessoras é a capacidade de fazer o acabamento da impressão como última etapa do mesmo processo.

Os livros, que ficam armazenadas na nuvem, são escolhidos em tablets.

Da nuvem também podem ser baixados mais três milhões de outros títulos, que incluem os publicados pelas maiores editoras dos Estados Unidos, e um crescente número de obras francesas.

A partir da seleção, os clientes podem inserir suas próprias anotações e dedicatória, para personalizar o volume.

Enquanto esperam a impressão do livro, podem tomar um café no confortável ambiente.

A região onde a La Puf foi reaberta, o Quartier Latin, tem a maior concentração de livrarias da capital francesa, mas tem sofrido um esvaziamento devido aos altos aluguéis.

Em um esforço de manter as características originais do bairro, a prefeitura da cidade subsidia os custos de locação para pequenos negócios.

Por este motivo, o conceito de livraria sem livros pode ser replicado em áreas que se queira revitalizar.

A máquina representa um grande investimento, já que custa cerca de cem mil dólares.

O valor não impede que mais de trezentas já estejam instaladas nos Estados Unidos, várias das quais em livrarias independentes.

O que aponta para o futuro das livrarias pode significar uma transição inteligente para um novo modelo, onde o objeto de papel ainda encontra mercado – e fãs.

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Em 1921, ponto de encontro de professores e alunos da Sorbonne

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O Quartier Latin recebe de volta a livraria, agora sem livros

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Como evolução, a máquina faz acabamentos como a colagem das capas

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Na velocidade de um espresso: enquanto aguarda a impressão, você pode tomar um café

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