A dieta da vez

O que o jejum intermitente tem de novo? Nada. Leia meu artigo publicado na revista Veja.

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Outro dia me perguntaram sobre o jejum intermitente, que parece ser a dieta do momento.

O nome é autoexplicativo: o candidato a emagrecer intercala períodos de jejum com outros de alimentação, de maneira a fazer o organismo queimar estoques de gordura.

Sempre que ouço falar de uma dieta nova me lembro de Tim Maia: “Fiz uma dieta rigorosa. Cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi catorze dias”.

Gordo sem culpa, Tim Maia não perdia peso, muito menos a piada.

O que o jejum intermitente tem de novo?

Rigorosamente nada, se pensarmos que o ser humano já fazia algo parecido no tempo em que vivia nas cavernas.

A diferença é que na era paleolítica, quando o homem dependia da caça, o jejum não era uma opção.

O jejum é culturalmente valorizado, como meio de elevar o espírito.

Católicos, segundo o Código de Direito Canônico, deveriam observar o jejum às sextas-feiras.

Muçulmanos o praticam como ritual, durante o Ramadã, o nono mês do calendário islâmico.

Mahatma Gandhi fez do jejum uma arma de resistência pacífica contra opressões.

Faço esse rápido passeio pela história só para mostrar que não há nada de novo na “nova” dieta.

A ausência de novidade, porém, não desqualifica a dieta intermitente.

Como quase todas as outras disponíveis, ela tem fundamento.

Afinal, uma das grandes certezas da ciência biomédica é que a privação eventual de comida favorece a saúde e a longevidade.

Isso vale para muitas espécies: bactérias, peixes, sapos, aves, mamíferos de todos os tamanhos.

O ser humano não é exceção.

A questão é que não se trata de uma solução universal.

O que é bom para um pode não ser bom para o outro.

Pessoas que não conseguem passar doze horas sem se alimentar não estão condenadas ao sobrepeso.

Há muitas alternativas, como cortar proteína animal ou carboidratos por longos períodos.

Eu mesma, por exemplo, sempre soube que não conseguiria viver sem pão francês no café da manhã, mas poderia abrir mão de açúcar, frituras e azeite na salada (um único fio de azeite, aliás, tem o valor calórico equivalente ao de um pão francês).

Em duas décadas de dieta, ganhei vinte anos.

Dieta boa é um clássico, nunca sai de moda.

Ao ser questionada sobre o jejum intermitente, escutei a sugestão de que comer com moderação, equilibrando ingredientes, seria coisa do “meu tempo”.

Ora, o meu tempo é agora.

Lembro que, uns quinze quinze anos atrás, participei de um simpósio da American Heart Association, nos Estados Unidos, onde o que mais me chamou a atenção foi a conclusão dos médicos de que não deveríamos perder tempo discutindo qual seria a melhor dieta.

Os especialistas concordaram que o ideal seria apenas disseminar a ideia de que a melhor dieta era aquela que funcionava para cada um.

Simples assim.

Cada um escolheria seu próprio caminho: comer menos a cada vez que sentar à mesa, suprimir uma refeição do dia ou excluir toda uma cadeia de alimentos, como carboidratos, gorduras, proteínas animais, açúcar e frutose, laticínios, alimentos com glúten.

Não interessa o caminho, pois todos levam ao mesmo ponto de chegada.

Radicalismo é bom para quem é radical.

Moderação é recomendável para quem é moderado.

O que funciona para você?

Publicado originalmente na revista Veja.

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